quarta-feira, 9 de junho de 2010

Empresa elege inovação como foco exclusivo

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A Recepta biopharma é uma empresa brasileira de biotecnologia. Mas há uma definição mais precisa, dada por seu presidente, José Fernando Perez.

"Não somos uma empresa que faz pesquisa e inovação. Nós só fazemos pesquisa e inovação", ressalta, dando ênfase ao "só", para amplificar o foco absoluto do negócio.

A Recepta biopharma foi criada em 2005 a partir de uma parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, dos Estados Unidos, e se dedica à pesquisa e ao desenvolvimento de anticorpos monoclonais para utilização em tratamento da doença. Os anticorpos monoclonais, que vem se mostrando uma promessa na terapia do câncer, são moléculas biológicas com a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos em tumores e estimular uma ação do sistema imunológico direcionadas apenas às células tumorais.

O Instituto Ludwig licenciou para a Recepta a propriedade intelectual de quatro anticorpos. Além deles, a empresa está trabalhando na geração de novos anticorpos de uso clínico e tem sua ação baseada em parcerias com universidades, institutos de pesquisa, hospitais brasileiros e a colaboração de cientistas estrangeiros. O objetivo é criar medicamentos eficientes e tratamentos mais baratos.

Na prática, a Recepta atua como muitas empresas americanas de pesquisa: faz a ponte entre o conhecimento, a pesquisa básica da academia, e o mercado, os laboratórios que irão produzir em escala comercial os remédios a partir das moléculas desenvolvidas e testadas por ela. "Investimentos cerca de R$ 7 milhões por ano", diz Perez. Ele destaca a mudança de cultura ocorrida no país nos últimos dez anos, com mais apoio à inovação e financiamentos públicos, como os da Finep.

"Sem isso, não existiríamos", diz o executivo. O campo de atuação da Recepta são as chamadas fase um e dois das pesquisas de desenvolvimento de fármacos, nas quais a empresa desenvolve e testa moléculas com eficácia comprovada para se tornarem remédios. A fase um é feita com um grupo pequeno de voluntários. Já a dois requer bem mais gente e conta com uma rede de hospitais parceiros. A fase três - a elaboração do medicamento em si para fins comerciais - já ocorre nos laboratórios farmacêuticos.

A Recepta tem um produto em testes avançados na fase dois, aquela na qual busca respostas clínicas dos pacientes para medir a eficácia da droga em itens como o controle da progressão da doença e aumento de sobrevida. Um teste clínico de fase dois leva em média, dois anos e meio. "Somos a primeira e única empresa brasileira neste estágio de pesquisa", lembra Perez. Até 2011, esses testes devem estar concluídos. O mesmo anticorpo está começando a ser testado em outra frente de pesquisa.

Perez acredita que em três anos a Recepta terá um produto pronto para ser negociado com uma grande empresa farmacêutica elaborar e colocar no mercado. Uma vez negociado seu produto, a Recepta recebe um determinado montante para permitir o licenciamento, depois parcelas intermediárias enquanto o medicamento não é lançado e finalmente, royalties. "Trata-se de um negócio com alto nível de incertezas, mas o potencial é muito grande. A população brasileira está envelhecendo e os casos de câncer, aumentando."

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