quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A inovação no DNA

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Nem sempre a empresa familiar é resistente ao novo. É o que a Mueller mostra desde os anos 1950

O senso comum relaciona o termo “empresa familiar” a ideias que julgo bastante equivocadas. Ao ouvirem essas palavras, muitos pensam em companhias resistentes a modernas práticas de gestão e à inovação. Mas a experiência mostra que nem sempre é esse o caso. Assim como as organizações não familiares, muitos empreendimentos que permanecem controlados por descendentes dos fundadores também apostam nas melhores práticas e na pesquisa e produção de novos e diferenciados produtos como estratégia para crescer e se diferenciar.

É o caso da Mueller. Temos muito orgulho de nossas raízes. Mas aprendemos a preservar o passado e, principalmente, a tomar nossa história como ponto de partida para o estímulo a uma nova cultura. O fato de termos a inovação no DNA da empresa ajudou bastante.

Descendente de alemães, que têm grande tradição nas “artes de ofícios” (mecânica, marcenaria etc), meu pai, Walter Müller, fabricou as primeiras lavadoras de roupas do país, ainda na década de 1950. Na mesma época, consolidou a empresa justamente a partir de uma inovação tecnológica: a criação de um motor vedado que evitava que o óleo usado nas engrenagens pingasse nas roupas. A cultura da inovação, portanto, já era conhecida e respeitada por toda a Mueller.

Com o crescimento da concorrência, nos anos 1990, esse foi o ponto de partida para a nossa estratégia de inovação. Enveredamos, então, por dois caminhos que se tornaram complementares: a busca pela melhoria contínua no design dos produtos e a pesquisa de inovações tecnológicas na produção e engenharia.

Em 1995, o estabelecimento de uma parceria que perdura até hoje com um escritório de design paulista nos permitiu ter acesso a novas e variadas informações sobre as tendências na área. Internamente, montamos laboratórios próprios com equipamentos e infraestrutura equiparável àquela existente nas maiores multinacionais fabricantes de eletrodomésticos instaladas no país. Também trouxemos para a empresa engenheiros com grande experiência de mercado e laboratório – que passaram a se dedicar à pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos.

O nosso circuito de inovação foi fechado com a participação dos departamentos comercial e de marketing. Isso porque temos um objetivo muito claro quando aperfeiçoamos um produto já existente ou criamos um novo: atender às necessidades das mulheres, nosso público-alvo, e gerar benefícios para os lojistas. Nessa estratégia, o conhecimento dos gostos e dos anseios dos consumidores tem papel preponderante. E captamos esses anseios tanto no contato com os revendedores quanto em pesquisas qualitativas com consumidoras.

Os resultados são visíveis. Entre 2000 e 2010, as vendas da Mueller cresceram 35%. Em grande parte, esse salto se deve ao bom desempenho de produtos lançados nessa mesma década. A expansão dos negócios também possibilitou que chegássemos a novos mercados, como os de fogões a gás e de lavadoras automáticas. O impacto positivo sobre a marca foi significativo.

A Mueller ingressou no ranking das empresas mais inovadoras do sul do país e com um único produto – a lavadora SuperPop – obteve o registro de cinco patentes e a conquista de diversos troféus, entre eles o maior prêmio mundial de design, o Idea Awards. Graças à inovação, a marca Mueller figurou positivamente no New York Times e em diversos veículos de comunicação nacionais, o que certamente deu fôlego renovado a nossa equipe de inovadores.

Por John Müller - Diretor-presidente da Mueller

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Halliburton e Tenaris Confab investem R$ 42 milhões em centro de pesquisa

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O Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ganhará mais dois centros de pesquisa a partir de amanhã.

As multinacionais Halliburton, prestadora de serviços para exploração e produção de petróleo, e a Tenaris Confab, fabricante de tubos aço, assinam amanhã um contrato com a instituição de ensino para a construção de unidades de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor de petróleo e gás. A previsão de investimentos é de R$ 42 milhões.



A Halliburton ocupará um terreno de sete mil metros quadrados e deverá investir de cerca de R$ 26 milhões. Seu centro de pesquisa terá como foco a caracterização e o monitoramento de reservatórios de petróleo e gás, produtividade, construção e completação de poços. A companhia norte-americana pretende desenvolver soluções para estimulação e performance de poços, área eletrônica e desenvolvimento de softwares em 3D e visualização.



Por sua vez, a Tenaris Confab, que também fornecerá equipamentos para a central nuclear de Angra 3, ocupará terreno de quatro mil metros quadrados, onde realizará estudos para os setores de mineração, construção civil e automobilístico, além da atuação em petróleo e gás. O objetivo, segundo a empresa, é desenvolver novas tecnologias para soldagem de tubos, testes e simulações para tubos de grande diâmetro e estudos de revestimentos metálicos de polímeros. Além disso, está previsto um setor para cuidar especificamente de conexões premium, especialmente destinadas a operações de perfuração de poços de P&G. A empresa devera aplicar neste centro de pesquisas cerca de R$ 36 milhões.

A previsão é que as obras de ambos os centros sejam iniciadas ainda no segundo semestre de 2011 e que sejam concluídas até o final de 2012. Com isso, o centro da UFRJ se consolidará com o maior polo de pesquisas do País para o setor de petróleo e gás, que já conta com empresas como Schlumberger (a primeira a anunciar um centro de estudos para o pré-sal na área do parque), FMC, Baker Hughes, Usiminas, Lupatech e General Electric, que anunciou o centro como uma das medidas de um plano de investimento que soma US$ 500 milhões no Brasil.

O parque foi inaugurado em 2003 e possui 350 mil metros quadrados, destinados a abrigar empresas de setores intensivos em diferentes áreas de conhecimento. De acordo com a universidade, restam apenas três vagas para completar a ocupação dessa área. Em janeiro de 2011, haverá novo processo seletivo destinado a empresas de grande porte.

DCI 21.12.10 / MAURÍCIO GODOI / RIO DE JANEIRO

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Subvenção econômica à inovação tem resultado suspenso

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14 de Dezembro de 2010

A diretoria da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) informa que a divulgação de resultados do processo de Subvenção Econômica à Inovação - 01/2010 encontram-se suspensos até que seja julgada representação no Tribunal de Contas da União (TCU).
Finep – 13/12/2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O mestre da estratégia

Um dos pensadores econômicos mais conceituados da atualidade, o professor indiano Vijay Govindarajan acredita que, hoje, a inovação acontece primeiro em países emergentes como Brasil, Índia e China

Eleito pelo Financial Times como um dos 50 maiores pensadores do mundo em estratégia, o indiano Vijay Govindarajan garante: os mercados emergentes são os inovadores da vez. Consultor Chefe de Inovação na GE, ele é autor do termo “inovação reversa” — hoje as ideias surgem nos países emergentes, para depois serem exportadas para os mais ricos. Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, ele diz que a nova dinâ­mica gera oportunidades para pequenas e médias empresas.

Govindarajan participa, em novembro, da HSM ExpoManagement, em São Paulo.

O que é inovação reversa?
Historicamente, as potências investiam em inovação e produziam internamente, para depois exportar aos países em desenvolvimento. Esse processo, difundido na década de 1990, foi denominado glocalização. O termo significa pensar globalmente e atuar localmente. Inovação reversa significa o oposto. É fomentar a inovação em países como China, Índia e Brasil, para depois levá-la aos países ricos.

Os emergentes têm tecnologia para criar bens de consumo competitivos no mercado internacional?
As economias emergentes têm um longo caminho a percorrer. Mas isso não quer dizer que não podem ser competitivas.

Como as pequenas e médias empresas brasileiras podem aproveitar a inovação reversa?
Elas não podem ter medo de arriscar e competir com as multinacionais. O momento é excelente para pequenas e médias empresas porque elas conhecem a fundo o consumidor do país. Como entendem seus hábitos, podem suprir os anseios dos consumidores.

É difícil para empresas menores criarem um ambiente propício para a inovação?
Não. Essas empresas têm todas as ferramentas. São flexíveis, ágeis e empreendedoras, qualidades essenciais para inovar.

Qual a principal barreira para a difusão da inovação reversa?
É preciso promover uma mudança de mentalidade nas companhias que dominam o mercado econômico mundial. A produção da maioria das multinacionais ainda está voltada para indivíduos de alta renda. É preciso atender também pessoas pobres em países pobres, um mercado em potencial que está marginalizado.

Como os empreendedores brasileiros podem competir com Índia, China e Rússia?
O grande desafio é exportar bens de maior valor agregado. É importante também que os integrantes do BRIC (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China) se enxerguem como parceiros, e não adversários. O mercado não é restrito. Existe espaço para todos, desde que haja competência. Quando esses países se unem e fazem acordos, um supre a deficiência do outro.

Quais os setores em que os empreendedores brasileiros podem encontrar boas oportunidades?
A meu ver, os empresários brasileiros devem investir nos setores de saúde e educação, áreas deficitárias e nas quais o governo não mostra eficiência. Além disso, educação é fundamental para o crescimento do país. É desanimador constatar que muitas vagas em cargos estratégicos não são preenchidas porque falta mão de obra qualificada.

VIJAY GOVINDARAJAN QUEM É: Um dos maiores especialistas mundiais em estratégia e inovação
O QUE FAZ: Doutor por Harvard, Consultor Chefe de Inovação na GE e professor de Negócios Internacionais na Tuck School, onde também dirige o Global Leadership 2020, programa de educação lecionado em três países e focado em gerenciamento global

por PEGN / Ana Cristina Dib / Satish Kaushik/The India Today Group/Getty Images

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Portal da Inovação

A partir desta semana estará no ar o novo portal da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec)

A iniciativa é o primeiro passo da Protec para ampliar a interatividade do seu endereço eletrônico que já é a maior fonte de consulta em inovação tecnológica na América Latina.

O portal conta com serviços de notícias, eventos, simulador de incentivos, agenda de editais, legislação do setor e links para as principais associações setoriais do País.
Para conferir acesse www.protec.org.br

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pense no seu funcionário como aliado para inovação

Pense no seu funcionário como aliado para inovação

Chamada Pública BNDES FEP nº 03/2010 - FEP Inovação

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Diagnóstico da capacidade inovativa da indústria brasileira e do uso de instrumentos de política pública para inovação.
Objetivo
Esta chamada pública tem por objetivo financiar, no âmbito do Fundo de Estruturação de Projetos (BNDES FEP), uma pesquisa científica que forneça um diagnóstico sistematizado e atualizado sobre as atividades e a capacidade inovativa da indústria brasileira, bem como do uso de instrumentos de política pública para inovação, com base nas quatro edições da Pintec/IBGE (2000, 2003, 2005 e 2008).

Sugere-se que a pesquisa considere as seguintes taxonomias:


1. Agregado para toda a economia;
2. Por Porte (segundo critério de Pessoal Ocupado e Faturamento);
3. Por Origem de Capital: nacional ou estrangeira;
4. Setores agregados conforme sugestão do Anexo I desta Chamada. Neste caso, a instituição a ser financiada poderá propor agregação setorial alternativa desde que devidamente justificada.

Além disso, a pesquisa deverá ser estruturada de acordo com três eixos propostos:

Eixo 1: Análise exploratória da Pintec para as empresas brasileiras

* Quem são as empresas inovadoras? Quantas e quais empresas inovam mais?
* Qual a natureza destas inovações?
* Quanto se investe em inovação e qual o perfil das atividades inovativas nas empresas? Qual o perfil dos gastos em inovação entre custeio e investimento?
* Quais as fontes de informação utilizadas para inovar? De que forma ocorrem interações com outros agentes (redes, cooperação etc.)?
* Quais motivações e entraves para o investimento em inovação no país? Por que as empresas investem? Por que não investem?
* Como as empresas se apropriam destas inovações (patentes, marca, segredo industrial, outros)?
* Qual o perfil das atividades inovativas por setor, porte e origem de capital?
* Avaliação setorial do esforço inovativo das empresas identificando o grau de esforço necessário vis a vis os resultados obtidos em termos de geração de inovação. Avaliar também a relação entre gastos internos e externos com inovação.
* Como o Brasil está posicionado internacionalmente? Qual o esforço brasileiro e quais resultados em termos de geração de inovações em comparação a outros países?

Eixo 2: Perfil das empresas inovadoras no Brasil

* Identificar que características estão associadas a maior e a menor probabilidade de ser uma empresa inovadora.
* Considerar aspectos como: porte, exportação, setor de atuação, origem de capital, região, padrão de concorrência e mercados de atuação, qualidade do emprego, capacitação de pessoal envolvido com inovação, parcerias e cooperação, sistemas de inovação (locais/nacionais) etc.
* Perfil das empresas inovadoras em outros países.
* No Brasil, este perfil tem mudado ao longo do tempo? Tem mudado em outros países?

Eixo 3: Investimento em Inovação e Políticas Públicas

* Quais instrumentos de política para incentivo à inovação são utilizados no Brasil e no mundo? Que modelos de política podem ser identificados nos diferentes países? Apresentar taxonomia para categorizar as diferentes experiências internacionais, modelos de incentivo existentes e principais instrumentos utilizados.
* De que forma as empresas inovadoras financiam suas atividades de inovação no Brasil e no mundo? Qual o percentual de recursos próprios?
* Quantas empresas brasileiras usaram programas de governo de incentivo à inovação? Quais programas/fontes de financiamento de governo são mais utilizados? O uso destes instrumentos tem crescido?
* Qual o perfil das empresas que acessam programas de governo de incentivo à inovação? Este perfil se modificou durante os últimos anos?
* Qual o perfil de acesso aos instrumentos de incentivo à inovação?
* Com base nesses resultados, apresentar avaliação das políticas brasileiras para inovação e sugestão para aprofundamentos.

Orientações para o estudo

A análise deve ser feita para cada ano em que a Pintec foi realizada e a evolução durante os anos deverá ser destacada.

A Pintec não deverá ser única fonte de dados. Outras pesquisas deverão ser utilizadas.

Fontes de dados: Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec/IBGE), Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE), Pesquisa Anual de Serviços (PAS/IBGE), SECEX/MDIC e Bacen.

O pesquisador poderá agendar visita à sala de acesso do IBGE para tratamento de microdados, seguindo regras da instituição para acesso, a depender da natureza das informações necessárias. Além disso, o IBGE poderá disponibilizar tabulações especiais conforme a taxonomia proposta neste trabalho, também a depender da natureza das informações necessárias.
Quem pode participar

Poderão ser beneficiárias da colaboração financeira não-reembolsável à pesquisa científica:

* instituições brasileiras incumbidas regimental ou estatutariamente do ensino e da pesquisa, desde que sem fins lucrativos e detentoras de inquestionável reputação ético-profissional - comprovada pela detenção de conceito igual ou superior a cinco, na área objeto da pesquisa, atribuído pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (CAPES); e
* instituições públicas brasileiras incumbidas regimental ou estatutariamente do ensino e da pesquisa, desde que sem fins lucrativos e detentoras de inquestionável reputação ético-profissional na área objeto da pesquisa, a ser comprovada pela área do BNDES demandante, no caso de instituições que não atinjam o conceito 5 da CAPES.

O financiamento poderá ser concedido diretamente ou por meio de suas fundações de apoio, conforme definição constante da Lei n° 8.958, de 20 de dezembro de 1994.

Poderão ser também financiados os consórcios formados pelas instituições de pesquisa acima mencionadas e outras instituições de pesquisa, desde que pelo menos 70% dos recursos do projeto sejam aplicados diretamente nas instituições que atendam o nível de classificação mínimo na CAPES.

É vedada a participação simultânea de um mesmo coordenador e/ou pesquisador em mais de um projeto de pesquisa científica apoiado pelo BNDES..
Cronograma
Procedimento Prazo
Divulgação da Chamada Pública 29 de outubro de 2010
Esclarecimento de dúvidas por e-mail (ape-depeq@bndes.gov.br) Até 29 de novembro de 2010
Recebimento da(s) Consulta(s) Prévia(s) Até 13 de dezembro de 2010
Encaminhamento das propostas
As Consultas Prévias deverão ser preenchidas segundo o roteiro de informações específico e entregues diretamente no protocolo do BNDES, no endereço abaixo indicado, ou remetidas pelo correio, mediante registro postal ou equivalente, com comprovante de postagem até o prazo previsto acima, devendo constar no envelope a seguinte identificação:

Consulta Prévia
Chamada Pública de Seleção BNDES/FEP nº 03/2010
BNDES - Departamento de Pesquisas e Operações (DEPEQ)
Av. República do Chile, 100 - Protocolo - Térreo
20031-917 - Rio de Janeiro - RJ


Todas as instituições de pesquisa deverão preencher o Termo de Consentimento, constante do Anexo II da Chamada, e enviá-lo em conjunto com os demais documentos da Consulta Prévia.


As Consultas Prévias serão pré-avaliadas quanto à adequação às normas operacionais do BNDES e aos critérios objetivos de elegibilidade. Finalizada a pré-avaliação, a seleção das Consultas Prévias será realizada pelo Comitê de Seleção do FEP, de acordo com as diretrizes e prioridades para alocação dos recursos do FEP e com os seguintes critérios de seleção:

* Experiência das proponentes;
* Experiência da equipe que será alocada para a realização da Pesquisa Científica;
* Adequação ao tema;
* Metodologia;
* Plano de Trabalho detalhado, incluindo definição de produtos, plano de viagens, estimativa de atividades a serem desenvolvidas etc.;
* Cronograma de Execução Físico-Financeira;
* Quadro de Usos e Fontes;
* Contrapartidas oferecidas pelas proponentes;
* Capacidade de mobilização e estabelecimento de uma rede de conhecimento com instituições de pesquisa internacionais com experiência no assunto; e
* Comprovação da regularidade jurídica, mediante apresentação dos atos constitutivos, devidamente registrados no órgão competente, do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e, se for o caso, das atas das reuniões onde tenham sido eleitos seus órgãos de direção, devidamente registrada no órgão competente.

Em não havendo interesse por parte do BNDES nos projetos apresentados, poderá ser reaberto, a critério do Banco, novo prazo para apresentação de propostas.
Mais informações

* Veja todas as condições da Chamada Pública nº 03/2010 (arquivo em PDF).
* Perguntas mais frequentes

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Seguem inscrições para Encontro Internacional de Empreendedores

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Evento será realizado no Rio de Janeiro, de 16 a 18 de novembro; interessados podem garantir sua participação pelo site www.encontroempreendedores.com.br

Brasília - Empreendedores interessados em trocar experiências e aumentar a rede de contatos para fechar novos negócios não podem perder a oportunidade de participar do XIV Encontro Internacional de Empreendedores, que será realizado de 16 a 18 de novembro no Rio de Janeiro. As inscrições estão abertas ao custo de R$ 250 no endereço www.encontroempreendedores.com.br. A programação está disponível neste site.

O tema central do evento são os impactos e as oportunidades do desenvolvimento sustentável nos pequenos negócios. “Este é um encontro de quem já fez o Empretec, mas também daqueles que têm interesse em conhecer a metodologia. É uma ótima chance para empresários e empreendedores trocarem experiências e fecharem negócios”, afirma a coordenadora nacional do Empretec, Carla Virgínia Rosal Lima Costa.

A expectativa do Sebrae, realizador do evento, é reunir cerca de 3 mil participantes em 2010. Na última edição do Encontro, em 2008, em São Paulo, 3 mil pessoas participaram para discutir o tema inovação. Agora serão abordados temas como energia limpa, arquitetura e engenharia em um contexto sustentável, economia de baixo carbono, mudanças climáticas, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos, água, florestas e biodiversidade.

O conceito de sustentabilidade considera que o modelo de negócios está necessariamente relacionado à justiça social e à cultura local, em consonância com a preservação e a recuperação ambiental. A avaliação é que essas premissas podem levar a empreendimentos de sucesso, capazes de impactar positivamente não apenas no meio ambiente, mas também nas comunidades em que estão inseridos.

Paralelamente ao evento será realizado o Encontro Internacional de Diretores do Empretec, que vai reunir 33 dirigentes do programa no mundo. O seminário Empretec, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), é uma das maiores ferramentas de capacitação empresarial do mundo. Destinado a empresários e pessoas físicas interessadas em abrir um negócio próprio, aborda as características e os comportamentos empreendedores determinantes para o sucesso no universo dos negócios.

Serviço:
Agência Sebrae de Notícias: (61) 2107-9106, 2107-9110, 8118-9821, 9977-9529
www.agenciasebrae.com.br
Central de Relacionamento Sebrae - 0800-570-0800

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mais apoio à inovação

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A Finep alterou este ano seu Edital de Subvenção Econômica para inovações tecnológicas na indústria, incorporando sugestões feitas pela Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica (Protec). Nesta nova versão, dificulta-se a participação de empresas registradas às vésperas da divulgação do edital, geralmente de caráter oportunista, visando captar recursos para pesquisas sem demanda de mercado. A subvenção a cada projeto será limitada a R$ 500 mil e não poderá ultrapassar o valor do faturamento bruto (ou capital social) da empresa. Segundo Roberto Nicolsky, diretor da Protec, o novo edital é muito mais promissor para as micro e pequenas empresas que pretendem inovar tecnologicamente. "Essas mudanças na chamada pública de 2010 reforçam a intenção da Finep de direcionar os recursos para empresas brasileiras produtivas que tenham como objetivo desenvolver inovações para lançá-las no mercado".
Ingrid Boiteux / 21 8112 6819

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

6º PRÊMIO INOVAR PARA CRESCER

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A PROTEC e o SENAI escolheram o DIA DA INOVAÇÃO, em 19.10, para, com a parceria do SESI e da CNI, homenagear as principais personalidades da transformação do país pela inovação tecnológica e as empresas que fizeram da inovação tecnológica um instrumento estratégico de conquista de mercados ao longo de sua história, valorizando a busca cotidiana do aperfeiçoamento de seus produtos e processos de forma sustentável.

Contemplados com o 6º PRÊMIO INOVAR PARA CRESCER 2010:

Categoria Visão: Embraer

Categoria Estratégia: Altus Sistemas de Informática

Categoria Revelação: Nibtec Inovações

Categoria Personalidade: Egon Silva, um dos fundadores da Weg

Homenagem in memorian: Carlos Chiti, um dos fundadores da Romi



Empresas contempladas nas edições anteriores:

2005: Indústrias Romi - Visão

2006: Petrobrás - Visão

2007: Weg - Visão

Stieletrônica - Estratégia

Octavio Frias de Oliveira - in memorian

2008: Marcopolo -Visão

Ecil Met Tec - Estratégia

2009: Critália - Visão

Combustol - Estratégia

19 DE OUTUBRO "Dia da Inovação"

Agora é lei!

Lei 12.193 - sancionada em 14 de janeiro de 2010


Alberto Santos Dumont, em 19 de outubro de 1901, ganhou em Paris o Prêmio Deutsch ao conseguir contornar a Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida no tempo fixado. Para isso, o seu balão Brasil nº 6 incorporou diversas inovações aos balões anteriores. É esse o conceito de inovação que se deseja difundir: a agregação de melhorias no produto ou processo para alcançar mais competitividade com sustentabilidade ambiental.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

SAP planeja expandir serviços no Brasil e exportar inovação

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Jimmy Anidjar, da SAP: "Focamos em aquisições que influenciem nossos negócios no mundo, não regionalmente"
A empresa alemã de software de gestão empresarial SAP quer expandir sua presença no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo e acredita que o país poderá ser uma plataforma de inovação no setor de tecnologia da informação (TI). A afirmação é do presidente global para mercados emergentes da companhia, Jimmy Anidjar, que, em visita ao Brasil, disse ter estratégias claras para fortalecer a atuação da SAP no país nos próximos anos.

"O plano é de, nos próximos 18 a 24 meses, termos maior presença fora das principais cidades onde já temos forte operação", afirmou o executivo, em entrevista ao Valor. Na opinião de Anidjar, esse é um bom momento para a empresa capturar as oportunidades de negócios em cidades menores, para onde alguns de seus clientes estão se movendo e novas empresas criam demanda. As regiões foco da companhia serão Sul, Norte e o Distrito Federal.

Novas contratações também são planejadas. Segundo o executivo, a empresa contratou cerca de 170 profissionais nos últimos 12 meses e pretende continuar recrutando: "Essa é a hora de a SAP adicionar por aqui mais pessoas e mais recursos."

A SAP quer aproveitar o fortalecimento das companhias brasileiras, que passam a buscar sistemas modernos. Os movimentos de oferta pública inicial de ações (IPOs, na sigla em inglês), por exemplo, elevam a procura pelos serviços e produtos de tecnologia da informação, já que para abrir capital, as empresas precisam demonstrar governança sólida. Outro fator que torna positivas as perspectivas para a SAP no país é a grande quantidade de investimentos em infraestrutura previstos para os próximos anos.

"Para mim, o Brasil está vivendo mais do que em um ponto de inflexão", disse o executivo com entusiasmo. A SAP, com cerca de mil funcionários, atua em 26 setores no país, com destaque para os de infraestrutura, óleo e gás, mineração e varejo. Os negócios brasileiros da companhia crescem a uma taxa de "dois dígitos altos" e é o maior mercado dentro da América Latina.

Outro movimento da SAP no mercado brasileiro é o aumento da quantidade de laboratórios para gerar inovações e exportá-las para as demais subsidiárias. "Inovaremos no Brasil para [atender] o Brasil e, ao longo do tempo, inovaremos no Brasil para [atender] o resto do mundo", afirmou Anidjar. A ideia faz parte de uma estratégia mais ampla de aproveitar o apetite das corporações dos mercados emergentes por aplicativos e processos de negócios, o que revela uma mudança no modelo de atuação das empresas de TI que, no passado, entravam nesses países devido ao baixo custo da mão-de-obra, enquanto as inovações vinham apenas da Europa ou dos EUA.

O crescimento da SAP no Brasil deve se dar com sua própria produção, segundo o executivo. "Mas não descartamos aquisições. O ponto é que nos focamos em fazer aquisições que influenciem nossos negócios em todo mundo, não apenas regionalmente", destacou. Quando questionado sobre uma parceria com a Totvs, Anidjar disse que a companhia brasileira não segue a mesma estratégia que a alemã: "A Totvs tem uma longa lista de produtos coincidentes, sobrepostos. Essa não é a forma como fazemos negócios." Anidjar trabalhou por dez anos na Oracle, conhecida por suas seguidas aquisições.

No início do ano, a SAP comprou a Sybase por US$ 5,8 bilhões, para ganhar força no segmento de dispositivos móveis. Nos seis primeiros meses de 2010, a alemã acumulou lucro líquido de € 878 milhões, o que representou um avanço de 40% frente ao mesmo período do ano passado. No acumulado de 2009, por outro lado, o lucro da companhia recuou 4%, para € 1,789 bilhão.
Valor - Vanessa Dezem - 28/09/2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Como aumentar as inovações ?

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A produtividade das empresas brasileiras é bem menor do que a das americanas, europeias e coreanas.
Um relatório recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que a produtividade das empresas brasileiras (não explicada por máquinas e trabalhadores) é metade das americanas, o que contribui para que o PIB per capita do Brasil seja apenas 20% do americano. Na América Latina, as empresas brasileiras são mais parecidas com as colombianas e mexicanas em termos de eficiência, ainda distantes das líderes chilenas. Por que a produtividade das firmas brasileiras é tão baixa?

Muitas empresas brasileiras, principalmente as familiares e as protegidas da concorrência, adotam práticas gerenciais ultrapassadas. Mas, um dos principais fatores responsáveis pela menor produtividade das firmas brasileiras é sua reduzida quantidade de inovações, tanto no produto final como no processo produtivo. Os dados de patentes ilustram bem o atraso brasileiro na produção de novas técnicas. Em 2009 as empresas brasileiras obtiveram apenas 146 novas patentes nos Estados Unidos, ao passo que as coreanas conseguiram 9.400 e as americanas 93.700. Isso ocorre em grande parte devido aos baixos gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizados no Brasil. Enquanto o Brasil gasta apenas 1,1% do PIB com P&D, os EUA gastam 2,6% e a Coreia 3,2%, ao passo que Japão e Finlândia atingem quase 3,5%. Além disso, menos da metade do valor gasto com P&D no Brasil ocorre no setor privado.

O montante reduzido de gastos privados em P&D, por sua vez, reflete em grande parte o baixo nível educacional dos trabalhadores brasileiros. Como se sabe, a qualidade da educação oferecida aos jovens brasileiros está entre as mais baixas do mundo. Além disso, no Brasil somente 8% dos formados com nível superior são engenheiros, ao passo que na Coreia eles representam 25%. Apesar do número de doutores brasileiros ter crescido substancialmente nos últimos anos, apenas 12% obteve seu título nas áreas de engenharia e informática em 2009. Ou seja, há carência de jovens profissionais atuando nas áreas tecnológicas.

No Brasil, menos de 1/4 dos cientistas estão nas empresas. Nos EUA, 80% deles trabalham no setor privado

Em contrapartida, o número de artigos científicos publicados por brasileiros representa 54% do total publicado na América Latina e 2,63% do mundo. Dado que nossa produção científica não é tão baixa, tendo em vista o pequeno número de doutores formados todos os anos, porque nossas empresas não aplicam as ideias geradas pela academia para a produção de novas técnicas? Ocorre que no Brasil, menos de 1/4 dos cientistas trabalham em empresas, enquanto na Coreia metade deles está no setor privado e nos EUA são 80%. Uma parcela substancial das patentes e dos pesquisadores brasileiros está concentrada em apenas três empresas: Petrobras, Embrapa e Fiocruz. Há no Brasil uma distância enorme entre as empresas e as universidades para a produção de conhecimento aplicado.

Parte disto ocorre por razões históricas. A Coreia buscou integrar as universidades, os institutos de pesquisa e as empresas privadas em torno de um esforço de desenvolvimento tecnológico, voltado para ganhos de eficiência e exportações, ao mesmo tempo em que investia pesadamente numa educação de qualidade para sua população. Já o desenvolvimento industrial no Brasil sempre ocorreu com muita proteção. Como não havia a preocupação de competir no mercado externo, a maior parte das empresas brasileiras não buscava melhorar continuamente seus processos de gestão e inovação. Além disso, a industrialização brasileira foi baseada em máquinas e equipamentos, deixando de lado a educação. As coisas começaram a mudar com a abertura comercial, que forçou a competição com empresas mais eficientes de outros países.

Para tentar superar o problema da falta de inovações, o governo tem produzido diversos planos de ação e novas leis. Entre eles destacam-se o Plano de Ação em Ciência e Tecnologia, o Plano de Desenvolvimento da Produtividade, a lei da inovação, a lei do bem, além de várias políticas conduzidas pela Finep e pelo BNDES. As novas leis basicamente introduzem uma série de incentivos fiscais para empresas que gastam com P&D e inovação. Apesar de todo esse aparato legal, as empresas que mais acessam esse sistema de incentivos são as grandes empresas consolidadas, que não precisariam de incentivos para investir em P&D. O que está errado então?

Novas ideias muitas vezes surgem em microempresas, com jovens empreendedores desenvolvendo novos produtos. Essas empresas informais e mesmo as formais que operam pelo sistema de lucro presumido, não conseguem ter acesso a vários dos programas de incentivos do governo, que funcionam com base no desconto do imposto de renda a pagar. Além disso, a complexidade do sistema tributário brasileiro prejudica a expansão das firmas mais produtivas e eficientes. Por fim, várias empresas ineficientes sobrevivem graças a favores do governo e concessão de subsídios. É preciso simplificar o sistema tributário, melhorar a logística, aumentar a competição nos mercados e mudar as leis de inovação para que pequenas empresas com grandes ideias consigam sobreviver, inovar e expandir, levando eficiência para o resto da economia.

Naercio Menezes Filho, professor titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP, escreve mensalmente às sextas-feiras. (email: naercioamf@insper.edu.br)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Investimento em inovação fica abaixo do previsto

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Ainda falta a cultura do investimento para parte das empresas - Sérgio Rezende, ministro de Ciência e Tecnologia

Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil têm crescido, mas a passos lentos. Em 2010, eles devem alcançar 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Em 2009, a participação foi de 1,2%, e em 2008, de 1,1%. A expectativa do governo era de que ao fim de 2010, ano que encerra o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI), o percentual chegasse a 1,65%, puxado principalmente pelo aumento da participação do setor privado, hoje em 0,5%.

"Faltou uma maior participação do setor privado, mais empresas investindo em inovação. Estamos no caminho certo, só é preciso mais empenho nos investimentos", disse o ministro ontem após almoço com a diretoria da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). Um patamar ideal de participação dos investimentos em inovação no PIB é acima dos 2%, segundo o ministro.

Rezende diz que o ritmo lento não é uma questão de falta de recursos, e sim da necessidade que ainda existe de se criar uma cultura de investimento no setor. "A crise econômica não afetou os investimentos em inovação, mas o setor tem uma história recente. Até pouco tempo, poucas empresas nacionais não tinham políticas de ação em P&D", disse. Segundo ele, a aplicação dos recursos estimados para investimentos no PACTI, de 2007 a 2010, R$ 41,2 bilhões no total, está dentro do esperado. "Devemos chegar ao fim do ano com os R$ 41 bilhões aplicados."

A falta de empenho não é uma realidade das grandes empresas, segundo representantes da Anpei. De acordo com levantamento da entidade, o grupo de 150 associados, entre elas as maiores empresas do país, é responsável por 60% dos investimentos privados em inovação no país. "Os investimentos das empresas associadas à Anpei são de duas a três vezes a média do investimento das empresas brasileiras", diz Carlos Calmanovici, presidente da Anpei e executivo da ETH, empresa de bioenergia da grupo Odebrecht.

A Braskem, por exemplo, investe 0,5% do seu faturamento em inovação, considerando apenas as pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos, e pretende aumentar esse percentual. "Temos aumentado nossos investimentos em inovação todos os anos, e trabalhamos hoje com cerca de 500 pesquisadores", diz Bernardo Gradin, presidente da Braskem.

As companhias, porém, dizem que ainda há muitos pontos a se avançar na política de incentivo à inovação no país, e entre eles está a maior participação das empresas na gestão dos instrumentos de fomento ao setor. Outra reivindicação é o maior estímulo à presença dos pesquisadores nas empresas, com ações como a simplificação tributária e trabalhista para as contratações. Segundo executivos, há um excesso de burocracia na contratação de pesquisadores estrangeiros, por exemplo.

Para Pedro Wongtschowski, presidente do grupo Ultra, a importância de se investir em inovação está clara entre as grandes empresas, mas não entre as pequenas e médias. "Falta a uma parte das empresas a convicção de que esse investimento tem que ser prioridade e que eles trazem resultados econômicos", diz ele. Por isso, o grupo também defende que existam mais mecanismos de apoio às companhias menores.
Ruy Baron/Valor/16.9.10

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Seminário no Senai/SP aborda eficiência no processo produtivo

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Evento vai apresentar as métricas para avaliar os níveis de eficiência e otimizar o desempenho dos processos produtivos na indústria gráfica. Seminário acontece dia 23 de setembro

Os métodos disponíveis para medir os níveis de eficiência e otimizar o desempenho dos processos produtivos na indústria gráfica, com ganho de produtividade e redução dos desperdícios, serão temas do seminário que a Metrics Sistema de informação promoverá, em 23 de setembro, na sede Theobaldo De Nigris do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai/SP).

O seminário Metodologia para Medir Eficiência e Melhorias, trará uma abordagem abrangente sobre a aplicação do conceito de Eficiência Global de Equipamentos (OEE - Overall Equipment Effectiveness), que visa medir a eficiência das máquinas para obter o máximo desempenho. Para falar sobreo assunto, a Metrics convidou o consultor do Instituto Nacional do Desenvolvimento Gerencial (INDG) Ricardo Oliveira. O diretor da Metrics, Osmar Barbosa, apresentará os Sistemas Metrics para coleta, organização e disponibilidade de informações para uma Gestão dos Indicadores confiável e eficiente.

Durante o encontro serão apresentados os princípios da medição de eficiência por meio dos indicadores OEE, sua aplicabilidade ao mundo gráfico e os desafios para uma implementação que garanta ganhos significativos em produtividade. O evento integra a série de eventos Jornada Tecnológica Aprimore, que a Metrics organiza periodicamente para disseminar os novos paradigmas de gestão junto a empresas gráficas.

De acordo com Osmar Barbosa, embora haja exemplos reais da aplicabilidade dos modelos de gestão eletrônica de desempenho em algumas das maiores indústrias do setor, a medição destes indicadores é incipiente na América Latina. Segundo ele, a maioria das empresas procura mais informações para se beneficiar dessas ferramentas.

(Fonte: Agência CNI - 10/09/2010)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Chave para a inovação está nos empregados

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Vamos acabar com o mistério da inovação e suas inspirações.

A maioria das grandes ideias para aumentar o crescimento e os lucros das empresas não surge num laboratório no meio da noite ou no isolamento do escritório da presidência. Elas vêm das pessoas que lutam todo dia pela empresa, atendendo seus clientes, explorando novos mercados e afastando a concorrência.

Em outra palavra, os empregados.

As empresas que conseguiram tornar a inovação parte de sua estratégia habitual conseguiram isso quando aprenderam a aproveitar a energia criativa e as ideias de funcionários em todos os níveis e funções. É fácil dizer isso. Mas como exatamente elas conseguiram isso? Descobrimos que uma resposta certeira é o que gostamos de chamar de comunidades de inovação.

Cada empresa faz as coisas do seu jeito, mas as comunidades de inovação geralmente brotam de uma semente plantada por alguém da diretoria - a vontade de criar um novo produto, mercado ou processo empresarial. Uma equipe de empregados passa a colaborar para tornar essa vontade uma realidade.

As comunidades de inovação cuidam de projetos grandes, arriscados e caros demais para serem conduzidos por uma única unidade operacional. Sua criação envolve um custo mínimo, porque não é preciso trazer consultores de fora. E, no fim das contas, o pessoal da empresa é que mais sabe os detalhes relevantes de um projeto.

Muitos diretores pensam o contrário: que as pessoas ao seu redor não entendem o que é necessário ou são incapazes de ter uma visão mais ampla. É por isso que alguns contratam consultores. Mas achamos que muitas vezes isso mostra falta de coragem estratégica e de força de vontade. Nosso conselho é confiar na sua gente.

As comunidades de inovação são um meio de dar uma nova forma e propósito ao conhecimento que seus empregados já possuem. As discussões detalhadas que costumam acontecer, lideradas pelos gerentes do alto escalão, muitas vezes representam o motor mais produtivo e econômico para uma empresa aumentar o lucro.

Aqui, portanto, seguem sete características importantes que identificamos como parte de uma comunidade de inovação bem-sucedida.

Crie espaço para inovações. Gerentes de produção e empregados ocupados com problemas operacionais normalmente não têm tempo para sentar e discutir ideias que motivem inovação interorganizacional. As comunidades de inovação criam um espaço em que todos na empresa podem compartilhar ideias.

No início, os participantes normalmente se reúnem pessoalmente num local central, geralmente a sede da empresa, e depois passam para reuniões virtuais. O mais importante é definir um tempo livre das responsabilidades diárias, que será dedicado a discussões e criatividade.

O diretor é quem define o tema. O propósito e os temas da discussão são definidos claramente. Os participantes podem discutir as ideias sem se preocupar com a hierarquia ou os resultados trimestrais.

Todos os anos, a rede americana de supermercados Supervalu Inc. divide entre 35 e 40 gerentes e empregados em quatro equipes para discutir questões estratégicas sugeridas pelos executivos das diferentes unidades de negócios. Os gerentes discutem questões de áreas que não conhecem e ao mesmo tempo também desenvolvem sua liderança. Em períodos de cinco a seis meses, realizam reuniões virtuais no mínimo semanais, e se reúnem pessoalmente pelo menos umas cinco ou seis vezes. Enquanto isso, continuam realizando suas tarefas normais.

A farmacêutica japonesa Eisai Co. já criou mais de 400 comunidades de inovação desde 2005, para se concentrar em questões relacionadas a saúde, como debater possíveis novas estruturas e tamanhos de remédios - um exemplo é um medicamento vendido atualmente no mercado japonês para pacientes com mal de Alzheimer cuja consistência gelatinosa permite ser engolido facilmente - e também criar novos programas sociais para as famílias das vítimas da doença. Cada empregado da Eisai no mundo inteiro participa de pelo menos um projeto como esse, e também convive com pacientes. A empresa acha que conhecer pessoalmente os pacientes é crucial, porque ajuda os empregados a entender os problemas que os pacientes consideram importantes, o que, por sua vez, melhora a capacidade dos funcionários de pensar além dos dados científicos.

Garanta pontos de vista variados. É essencial envolver pessoas de funções, localizações e níveis diferentes, não apenas por causa de suas perspectivas únicas, mas também para garantir que as ideias sejam aceitas pela empresa inteira. As comunidades de inovação têm que gerar entusiasmo, bem como novos produtos. Na Honda Motor Co., os grupos de inovação nos Estados Unidos são formados por integrantes da parte de vendas, engenharia e desenvolvimento, e de várias unidades de negócios na América do Norte inteira. Algumas empresas, como a General Electric Co., também agregam consumidores e clientes nas discussões sobre novos produtos.

Às vezes os grupos buscam certos tipos de participantes. A varejista americana de eletrônicos Best Buy Co., por exemplo, reúne principalmente as funcionárias, do caixa à parte executiva, para discutir como tornar suas lojas mais atraentes para as clientes. A inspiração: a Best Buy considera as mulheres um mercado muito mal aproveitado e que tem potencial de crescimento. Dados colhidos nas lojas mostraram que as mulheres tendem a devolver menos mercadorias que os homens, e portanto dão mais lucro.

Crie um diálogo entre a diretoria e os participantes. Por definição, as comunidades de inovação não funcionam isoladamente: para gerar inovação interorganizacional sustentável é importante que as ideias fluam até os diretores. Se isso não acontecer, as inovações tendem a ter efeitos limitados e apenas locais e não beneficiam a empresa inteira.

As discussões sobre inovação devem ser conversas abertas mas orientadas entre os diretores e os participantes de baixo escalão. Todo mundo tem que estar unido, especialmente quando se trata de estudar a concorrência e como reagir a ela.

Mas desenvolver diálogos estratégicos bem-sucedidos talvez seja o fator mais desafiador para obter o sucesso de uma comunidade de inovação. Nesses diálogos, é preciso que os poderosos ouçam verdades, por exemplo. Se os participantes ficam inibidos, as ideias resultantes têm impacto limitado e afetam só poucas divisões, não a empresa inteira.

As comunidades da Eisai giram em torno do conceito estratégico da empresa, de "tratamento de saúde mais humano" - a filosofia de que se concentrar nos pacientes e suas famílias é o principal objetivo e produz ideias inovadoras.

Algumas empresas adotam medidas especiais para incentivar os participantes a conversar livremente. É importante garantir que os líderes do grupo não exerçam controle direto sobre as promoções e os salários dos participantes. Isso ajuda a impedir que as pessoas temam as repercussões de suas críticas, e elimina os incentivos para os que podem estar apenas interessados em impressionar os chefes.

Os participantes devem ser convidados, e não pressionados, a participar. Os integrantes das comunidades precisam estar entusiasmados em participar. Os empregados não podem ser forçados a revelar suas ideias ou ter imaginação.

Recompensas imediatas, como dinheiro, geralmente levam as pessoas se concentrar em ganhar o prêmio, em vez de seguir o muitas vezes complicado, mas, no fim, satisfatório caminho para uma inovação bem-sucedida. Em vez disso, tente explicar como o trabalho da comunidade pode beneficiar a empresa, seus clientes ou metas sociais mais amplas.

Outro incentivo a se pensar: deixe claro que participar nas comunidades de inovação ajudará a avançar a carreira.

Aproveitar talentos e energias ociosas ajuda a diminuir o custo de desenvolvimento de um produto. Um motivo que explica a economia inerente às comunidades de inovação é que elas aproveitam energias ociosas. A comunidade fortalece a mensagem de que a diretoria está prestando atenção e que os empregados vão se beneficiar se participarem. Em muitos casos, os potenciais colaboradores estão apenas esperando para serem convidados.

Estruturas permanentes não são necessárias, e a produtividade não precisa ser prejudicada. Os líderes das comunidades de inovação e suas equipes participam durante um período limitado, enquanto continuam realizando suas tarefas habituais.

Os benefícios colaterais podem ser tão importantes quanto as próprias inovações. As comunidades de inovação promovem o aprendizado num nível pessoal e organizacional quando unem as pessoas para uma troca de ideias. As repetidas discussões e a missão de solucionar problemas pode incentivar redes sociais valiosas que permitem mais compartilhamento de ideias no futuro.

As empresas também tendem a usar as comunidades de inovação para transmitir para a empresa inteira qual é a visão estratégica. A Eisai tornou suas comunidades responsáveis por treinar mais de 3.000 funcionários sobre seu conceito de tratamento de saúde mais humano.

As reuniões também ajudam a preparar os gerentes de baixo escalão para o momento em que terão mais responsabilidades, já que às vezes os gerentes participantes precisam delegar parte de suas tarefas para participar das comunidades.

Na Best Buy, as comunidades focadas em mulheres fortaleceram a formação de novos líderes e diminuíram a rotatividade das funcionárias.

Medir os resultados é crucial. As comunidades de inovação são sustentáveis apenas quando conseguem produzir algo visível. Senão, a diretoria perde o interesse.

Todas as organizações que estudamos tentaram avaliar o sucesso de suas comunidades, com base em quantas ideias foram implementadas e quais foram os resultados. A Supervalu afirma que implementou as recomendações de 22 de suas 29 comunidades nos últimos dez anos. Executivos e líderes empresariais é que determinam quais recomendações adotar e quando é preciso revisá-las.

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Como ficou evidente em crises passadas, um cenário de fraqueza econômica oferece novas oportunidades para quem souber aproveitá-lo. As empresas com imaginação e coragem podem fazer muito mais que apenas evitar o naufrágio em meio à tormenta. Ferramentas como as comunidades de inovação podem ajudar as empresas a aproveitar a crise e rescrever as regras do seu setor.

* Spender é professor visitante da Esade, em Barcelona. Strong é sócio fundador da CBridge Partners, uma firma de consultoria de administração de Cambridge, no Estado americano de Massachusetts.
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JC Spender e Bruce Strong | Especial para o Wall Street Journal*
08/09/2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Inovação amplia volume de negócios em até 40%

Empresas de tecnologia de pequeno porte do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul buscam recursos na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolver soluções.

O objetivo é garantir autonomia para concorrer com grandes companhias, que lançam novas versões de produtos quase mensalmente. Os aportes variam de R$ 500 mil a R$ 4 milhões e serão usados para bancar a criação de softwares de automação comercial e de gestão de centros de segurança, além de sistemas voltados para a área de saúde e internet. Depois da finalização dos projetos, a expectativa dos empresários é aumentar o volume de negócios em mais de 40% ao ano.

A N&L Informática, empresa de Caxias do Sul (RS) especializada no desenvolvimento de softwares de gestão, decidiu buscar recursos na Finep para transformar em produto as pesquisas que realizou sobre a tecnologia RFID (Radio Frequency Identification). Obteve R$ 498 mil em quatro parcelas que serão pagas até o final do ano. "O objetivo é investir em sistemas de gestão empresarial e de vendas", explica Grasiela Tesser, gerente comercial da companhia. O RFID é um método de identificação automática por meio de sinais de rádio enviados por etiquetas coladas a produtos. "Permite identificar mercadorias em cada ponto da cadeia de abastecimento."

O protótipo do sistema foi lançado em uma feira de automação comercial, realizada em São Paulo, em abril. Até o primeiro semestre de 2011, a N&L Informática deve implantar um projeto piloto com a solução. A estimativa é que 40% do crescimento da empresa nos próximos dois anos seja impulsionado pela venda do novo software. Criada em 1981, a companhia tem 85 funcionários e clientes como a rede de lojas Marisa e o Grupo Prato Feito.

A Arcon, de serviços gerenciados de segurança, deve receber em agosto um aporte de R$ 4 milhões da Finep. O montante será aplicado no desenvolvimento de um software para a automação de processos em centros de operações da empresa. A companhia tem unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. Gerencia quase 300 ativos no país, com mais de 125 mil estações de trabalho e servidores de clientes. Faturou R$ 28 milhões em 2009 e deve crescer 15% em 2010, segundo o vice-presidente Marcus Moraes. "A partir de 2012, esperamos crescer 30% ao ano", afirma.

A Epeople, que desenvolve soluções de tecnologia para a área de saúde, vai receber R$ 2,3 milhões da Finep até a segunda quinzena de agosto. "A verba vai para um projeto de fabricação de aparelhos de eletrocardiograma e o desenvolvimento de soluções de TI para cardiologia e ultrassonografia", explica Euclides Barros, presidente da Epeople. Os produtos devem ficar prontos até 2012.

A expectativa da empresa é crescer mais de 40% no primeiro ano do lançamento dos sistemas, que gerenciam clínicas e exames médicos. "Vamos competir com grandes multinacionais da área de saúde, mas com produtos 100% nacionais." A Epeople tem 25 funcionários e clientes como o Hospital das Clínicas e o Instituto do Câncer, em São Paulo. Está no mercado há cinco anos e faturou R$ 4,5 milhões em 2009. Pretende atingir R$ 6 milhões de faturamento em 2010. "As linhas de apoio à inovação da Finep são interessantes porque privilegiam projetos bem estruturados e com resultados em um prazo mais longo", analisa André Matos, diretor da empresa carioca Lumis, que também conta com o suporte da financiadora.

O valor do projeto da Lumis, que trabalha com gestão de portais na internet, está avaliado em R$ 1,3 milhão. O prazo para finalização é 2011 e a empresa vai utilizar o novo produto para fidelizar clientes e expandir a carteira de contratos entre emissoras de televisão e grupos de varejo. "Estimamos um retorno médio de 40% ao ano com a comercialização do produto."

Em maio, o governo federal anunciou um novo pacote de investimentos para a área de ciência, tecnologia e informática no valor de R$ 2,5 bilhões. O montante deve ser oferecido pela Finep por meio de programas de cooperação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e em chamadas públicas entre universidades, instituições e empresas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pequeno volume de patentes é tema de debate

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O grupo Sygma e a Clarke, Modet, empresa espanhola com mais de 125 anos de experiência em propriedade intelectual, realizam, no próximo dia 13, um workshop sobre propriedade intelectual e gestão da inovação.

O evento, que será realizado nas instalações do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), vai reunir as principais empresas de base tecnológica do Vale do Paraíba. A região, de acordo com o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Clarke Modet, Sérgio Mattar, apesar de ter um alto índice de desenvolvimento tecnológico, apresenta um volume baixo de registro de patentes, tendo em vista o caráter sigiloso dos projetos de defesa que envolve a maioria das empresas instaladas no polo aeroespacial de São José dos Campos.

"Existe um mercado interessante de propriedade intelectual nessa região, mas que precisa ser orientado e preparado sobre a importância estratégica da proteção do conhecimento no processo da gestão da inovação", disse. Segundo Mattar, as novas oportunidades de negócios que estão surgindo para as empresas de base tecnológica com projetos como o Trem de Alta Velocidade (TAV) e o Pré-Sal, vão exigir uma mudança cultural que passa pela proteção do conhecimento, através da patente.
Valor 12.8.10

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Lançado o Edital 2010 da Finep

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A Finep lançou o edital 2010, no valor de R$ 500 milhões, de natureza não reembolsável, para projetos de inovação
http://migre.me/13tlH

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Finep vai liberar R$ 500 milhões para inovação e pesquisa

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Financiadora deverá contemplar projetos nas áreas de energias renováveis, tecnologia da informação e nanotecnologia – além de pesquisas voltadas para o desenvolvimento do carro elétrico

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse nesta terça-feira que, nos próximos dias, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, lançará o edital da subvenção econômica que destinará R$ 500 milhões a investimentos em inovação em várias áreas, como energias renováveis, tecnologia da informação e nanotecnologia. O edital também contemplará novos projetos de pesquisa voltados para o desenvolvimento do carro elétrico, disse ele, durante discurso no Lean Summit 2010, em São Paulo.

De acordo com ele, os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) responderão em 2025 por 42% do total de veículos vendidos no mundo. Segundo Jorge, são países com frotas velhas e em condições de puxar a demanda global nas próximas décadas. Confirmadas as previsões, haverá no Brasil uma influência muito positiva sobre a indústria de peças, equipamentos e serviços no fornecimento à indústria e no atendimento ao mercado de reposição da frota circulante. Estas perspectivas, afirmou Miguel Jorge, representam enormes desafios para os governos, indústria e trabalhadores. Para o ministro, esses desafios colocam ainda pressões sobre os governos pela necessidade de infraestrutura urbana e de transportes mais adequada para o crescimento do setor.

Ministro do Desenvolvimento estima que dentro de 15 anos, os BRICs responderão por 42% do total de veículos vendidos no mundo

Também em 2025, segundo o ministro, o Brasil chegará a uma produção anual de 6,2 milhões de veículos. Ele ressaltou que, para isso acontecer, será preciso ter entre 6 mil e 8 mil novos engenheiros somente nas montadoras, os quais se somarão aos 12 mil engenheiros de hoje. "Precisamos de mais escolas técnicas, universidades, mestres, doutores e pesquisadores", disse.

Miguel Jorge ressaltou ainda que o Brasil poderá aumentar as exportações buscando novos mercados. "Aqui entra um ponto crucial que envolve os principais desafios do setor nos próximos anos. Uma das ações da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) voltadas para a cadeia do complexo automotivo é a ampliação de acordos internacionais", disse.

Ele lembrou que nas décadas de 1980 e de 1990, pelo lado da indústria, participou dos trabalhos de integração produtiva do setor automotivo no Mercosul e no acordo com o México. Em julho de 2008, participou do acordo automotivo com a Argentina, com novas regras para o comércio de produtos do setor, um exemplo de cooperação entre governo e iniciativa privada.

O acordo do Mercosul, segundo Miguel Jorge, terminará em 30 de junho de 2014, quando o comércio de produtos automotivos não estará mais sujeito a tarifas ou limitações quantitativas. "Com isso, criamos um ambiente de previsibilidade para o investimento no setor. Não tenho dúvida de que é essencial aprofundarmos a integração produtiva no Mercosul para consolidar a posição na América Latina e melhorar as condições de forma a nos transformarmos em uma base de exportação."
Da Agência Estado

terça-feira, 20 de julho de 2010

Falta inovação tecnológica da indústria farmacêutica brasileira

Déficit da balança comercial do setor de saúde cresce 55% no ano. Ano após ano, o déficit da balança comercial brasileira na área de saúde cresce e revela uma preocupante dependência do mercado externo para a aquisição de remédios e equipamentos médicos consumidos no país. Na avaliação do Ministério da Saúde, a situação poderia levar a um desabastecimento em caso de forte desvalorização do real.

As importações do setor somaram US$ 11,3 bilhões no ano passado, valor que representa 8,8% do total das compras internacionais, que alcançaram US$ 127,6 bilhões. Já a participação das exportações da indústria farmacêutica em todo o volume vendido pelo Brasil ao exterior se mantém estagnado em torno de 1,5% há dez anos. De 2000 a 2009, o déficit comercial dessas transações subiu 155%.

No primeiro semestre deste ano, as importações de remédios e equipamentos médicos totalizaram US$ 7,2 bilhões, um crescimento de 45% em comparação com o mesmo período de 2009, percentual semelhante a alta de toda a importação brasileira (44%). O total de US$ 1,2 bilhão em exportações registrado de janeiro a junho representa 11% de aumento sobre igual intervalo do ano passado (bem abaixo do total exportado, que cresceu 26%), resultando em um déficit comercial 55% maior, de US$ 6 bilhões.

Reinaldo Guimarães, secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, reitera a gravidade dessa dependência. "Se o real se desvaloriza de maneira importante a saúde quebra no dia seguinte, não haverá dinheiro para comprar medicamentos que hoje são importados", afirmou ao Valor.

Segundo ele, o Brasil também fica vulnerável nas negociações com as indústrias farmacêuticas estrangeiras, de quem o governo federal compra 30% dos remédios do mercado nacional, que são destinados a abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS). "Se o mercado é dependente demais das importações passa a viver ao bel-prazer da imposição de preços, principalmente dos remédios mais caros e tecnologicamente mais sofisticados, que são produtos monopolísticos, protegidos por patente", acrescentou.

Segundo Guimarães, o desequilíbrio entre importações e exportações no setor de saúde é fruto da abertura comercial da década de 1990 e, mais recentemente, do aumento do consumo com a entrada de classes sociais de menor renda no mercado. "As farmoquímicas brasileiras não aguentaram a competição estrangeira e praticamente desapareceram. Além disso, o mercado farmacêutico e de prestação de serviços de saúde vêm crescendo num ritmo muito forte [30% em 2009], e como não há produção nacional grande parte do setor é alvo de importação."

Para Marcos Ferraz, professor do Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (CPES-Unifesp), o problema está no lento processo de inovação tecnológica da indústria farmacêutica brasileira. "Conforme cresce a demanda do mercado interno, o déficit comercial cresce, porque a nossa produção ainda é muito pequena e, na maioria das vezes, pouco qualificada, sem diferenciais", explica.

Tamanho de mercado também faz diferença, acrescenta Nelson Mussolini, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma). "Só em remédios, o faturamento anual do mercado interno é de US$ 18 bilhões. Em apenas um semestre, o laboratório transnacional Novartis faturou US$ 23 bilhões. Ainda falta escala para mobilizar empresas para produzir matérias-primas e investir em pesquisa para gerar novos remédios."

Dados do setor mostram que déficits da balança comercial de remédios não são exclusividade brasileira, porque a produção dos medicamentos mais consumidos no mundo está concentrada na China, Índia e parte na Suiça. Mussolini diz que a reversão desse quadro pode levar uma década. "Para descobrir uma nova molécula farmacêutica, que irá resultar em um novo medicamento, é preciso investimento de oito, dez anos. E é preciso caixa para sustentar esse investimento, o que ainda não é o caso da indústria nacional."
Valor20.7.10

segunda-feira, 5 de julho de 2010

As certezas da inovação e da sustentabilidade

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Marcos regulatórios mais restritivos vêm se consolidando como elementos importantes na defesa do ambiente

A falta de investimentos em inovação pode nos levar a questionar a consistência e a continuidade dos bons resultados da economia brasileira nos próximos anos. Ou seja, nosso desenvolvimento econômico não está assegurado apesar da justificada onda de otimismo atual. De fato, os números comprovam nossa modesta posição em Inovação. A última Pintec 2005 (Pesquisa de Inovação Tecnológica/IBGE) revelou que menos de 5 mil empresas fazem pesquisa e desenvolvimento de forma contínua no Brasil demonstrando esforço consistente e estruturado em Inovação. Isso é insuficiente frente às ambições do Brasil.

As soluções para alavancar o esforço insuficiente em P&D nas empresas brasileiras têm apontado para a necessidade de políticas públicas mais ousadas e abrangentes. É certo que os programas de governo de estímulo à Inovação têm se mostrado relativamente limitados nos seus resultados embora sejam extremamente amplos e consistentes nos seus propósitos. Mas, em que pesem as sempre possíveis e desejáveis evoluções das políticas públicas, um fato novo pode estar surgindo no ambiente da Inovação com impactos significativos, tanto no posicionamento concorrencial das empresas brasileiras no cenário internacional quanto na formulação de políticas públicas para o País.

Segundo pesquisa realizada da Câmara Americana de Comércio (Amcham) com suas associadas, uma em cada três empresas tem a Sustentabilidade como um dos elementos essenciais para seus negócios. O levantamento foi apresentado em novembro de 2009, em São Paulo, no evento em homenagem aos vencedores do Prêmio Eco 2009, iniciativa realizada em parceria pelo Valor e pela Amcham. Para os organizadores do evento, inovação com foco na sustentabilidade foi o principal aspecto dos 89 trabalhos de 75 empresas que concorreram ao prêmio. Fica clara, assim, a forte ligação entre sustentabilidade e inovação. Essa proximidade não é casual. Na prática, os dois conceitos são indissociáveis. E, o percurso da inovação pode, finalmente, beneficiar-se desse atalho representado pela sustentabilidade. Esperemos, também, que esse novo caminho seja menos sujeito a ciclos e instabilidades.

Toda atividade econômica impacta o meio ambiente. No entanto esse assunto vem assumindo importância crescente nos últimos tempos por duas razões principais: pela dimensão e abrangência cada vez maior desse impacto e pela conscientização da população dos impactos causados pela atividade humana ao meio ambiente. Esse contexto estimula ações que reduzam ou mesmo eliminem impactos ambientais indesejáveis. Marcos regulatórios mais restritivos vêm se consolidando como elemento importante nesse caminho rumo à sustentabilidade. Mas, é interessante notar também que as empresas estão se antecipando às exigências legais e desenvolvendo soluções completas que garantam o respeito ao ambiente e à preservação do planeta.

As legislações tendem a acompanhar essas iniciativas apenas "a posteriori", induzidas por empresas pioneiras. Surge aí o primeiro elo objetivo entre sustentabilidade e inovação. Desenvolver novas soluções que atendam o bem estar das pessoas e o respeito ao ambiente exige um esforço consequente em inovação. Fazer isso antecipando tendências é extremamente desafiador e representa uma abordagem genuinamente inovadora. Esse esforço vem tomando espaço nas empresas e delineando um novo paradigma de atuação. A maioria das empresas inovadoras está mantendo, ou mesmo aumentando, seus esforços em sustentabilidade e, consequentemente, em inovação, porque percebem criação de valor nessa atividade. Recente levantamento realizado entre associadas da Anpei sinalizou que mais de 70% das empresas mantiveram ou aumentaram seus investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em 2009.

Outro ponto de convergência entre inovação e sustentabilidade que vale a pena destacar é o da diferenciação. A inovação, tanto quanto a preocupação com a sustentabilidade, permitem desenvolver produtos diferenciados para o atendimento das necessidades do mercado e de aplicações pioneiras de forma sustentável, normalmente com ganhos ambientais importantes. Esses produtos promovem a imagem das empresas e alimentam o círculo virtuoso de agregação de valor, estimulando mais desenvolvimentos pioneiros e diferenciados.

Além disso, o Brasil aparece, no contexto da discussão sobre sustentabilidade, de forma privilegiada devido à grande competitividade de seus recursos naturais. Mas, a simples disponibilidade de recursos não é suficiente para garantir uma posição destacada nesse contexto no longo prazo. É necessário ir além e efetivar o potencial dos recursos renováveis em ações e resultados concretos. Para tanto, novas tecnologias devem ser desenvolvidas e disponibilizadas. Surge, assim, por meio da sustentabilidade, uma nova demanda tecnológica por inovação. A possibilidade de desenvolver rotas alternativas a partir de insumos sustentáveis e sem a geração de resíduos é a terceira e definitiva interface que integra inovação e sustentabilidade.

A preocupação com a sustentabilidade pode lançar a inovação para um novo e diferenciado patamar colocando-a, definitivamente, na ordem do dia da competitividade e emprestando a ela alguma estabilidade. Podemos, então, à luz dessa discussão que não se esgota aqui, enumerar algumas certezas e convicções:

Quem diz "Sustentabilidade", diz "Inovação". Não haverá sustentabilidade, principalmente ambiental, sem esforço consequente e estruturado em inovação.

Tanto sustentabilidade quanto inovação são fundamentais para garantir a competitividade das empresas no contexto global.

A incerteza crescente no mundo é caldo de cultura e ambiente propício para a Inovação.

Carlos Calmanovici é engenheiro e presidente da Anpei - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Imitar e inovar

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Com o título "Imitação é mais valiosa do que inovação", Oded Shenkar, diretor da Ford Automóveis e professor da Universidade de Ohio, em entrevista para a "Harvard Business Review", enfatizou como a imitação é altamente relevante para o avanço tanto dos negócios quanto da ciência. Sua defesa baseou-se em levantamento sobre modelos de negócio e pesquisas científicas que detectou o valor fundamental da imitação para gerar os bons resultados alcançados.

Entre os casos estudados destacaram-se as experiências da rede Walmart (que se inspirou no Korvette); do McDonald ' s (que se baseou no White Castle); no Visa, MasterCard e American Express, que teriam seguido as trilhas desbravadas pelo Dinners Club; e ainda a Apple, que quase sempre trabalha aprimorando ideias lançadas por outras empresas.

Os resultados da pesquisa rejeitaram as visões simplistas que relegam a imitação a um posto de menor prestígio na atividade empresarial e na academia. Na pesquisa básica, tida como o universo nobre da geração do conhecimento, o pesquisador, em vários momentos, precisa apreender e repensar a tese de outros para evoluir em sua trajetória. Nas empresas, processo semelhante leva as empresas a incorporarem inovações disponíveis no mercado, para que sejam capazes de reprocessar e relançar produtos e serviços de nível superior.

Shenkar tomou a imitação como uma atividade complexa, que envolve ousadia e criatividade. Na economia, sem essa capacidade de absorção do novo, muitas vezes gerado por outras firmas, não haveria, por exemplo, o que simplificadamente se denomina de "transferência de tecnologia". As entrevistas de Steve Jobs (da Apple) sobre o iPad, ao relatar seu débito com o Kindle da Amazon (leitor de livro), ou o modo como incorporou e foi além das primeiras experiências de MP3 players, ou o sucesso do iPhone (anos após a existência do celular), ilustra o esforço criativo necessário para aperfeiçoar bens já disponíveis no mercado. Claro, é preciso estar em sintonia com as novas tendências para reprocessar produtos com charme e inteligência. Mas para isso o segredo nem sempre está na busca de alta tecnologia ou de inovações de ruptura, e sim na qualidade dos funcionários, da engenharia, na facilidade com que o conhecimento e a informação fluem no interior das empresas. Em ambientes abertos ao novo, a imitação não é vista como subproduto, mas como requisito para a inovação; não é estigmatizada, mas desejada.

Para países emergentes como o Brasil, cujas economias não atuam na fronteira do conhecimento, a imitação, longe de mostrar-se trivial, é atividade-chave para dinamizar a pesquisa e a competitividade das empresas. Principalmente porque pode viabilizar processos de aprendizagem tecnológica e de capacitação que seriam praticamente impossíveis de outra forma.

São vários os estudos que mostram como a China mantém há décadas um acelerado crescimento em muito baseado na imitação. O Brasil também fez - e ainda faz - uso intensivo desse recurso, ainda que não pareça ser motivo de orgulho. A Pesquisa sobre Atitudes Empresariais para Desenvolvimento e Inovação (Paedi), patrocinada pelo Ipea e pelo Cebrap mostrou como representantes de empresas (presidentes, diretores e gerentes) identificaram na inovação - via pequenas mudanças em produtos ou processos - a responsável pela geração de valor e de retorno do investimento.

Pelos argumentos de Shenkar ousaríamos dizer que muitas empresas brasileiras inovam ao imitar, mas nem sempre reconhecem a importância dessa escolha, dado o preconceito existente. Duas evidências da Paedi corroboram essa afirmação: 1) é alto o número de empresas que atribui importância à participação em feiras internacionais, em busca de novas tendências de mercado; 2) várias dessas empresas declararam sua intenção de competir no exterior. Para a economia brasileira, que tenta se livrar da tradição protecionista, a busca de contato e de absorção das práticas mais avançadas é passo essencial para a sua capacitação, diferenciação de seus produtos e salto para um desempenho sistematicamente inovador.

Não há receita milagrosa que leve à inovação. Mesclada com a boa engenharia, com maior investimento nas pessoas e gestão mais avançada, a imitação pode funcionar como peça-chave na elevação do padrão inovador.

No Brasil, o ambiente externo às empresas mudou para melhor nos últimos anos. Há muito ainda a fazer, principalmente na diversificação, desburocratização e ampliação das linhas e programas de financiamento. A universidade pode contribuir ainda mais para que a economia faça da inovação sua principal ferramenta de competitividade pois não há outro meio de elevar o padrão de competitividade da nossa economia, de quebrar a dependência das commodities e de sustentar o crescimento.

Valor 23.6.201o por:
Glauco Arbix é professor do Departamento de Sociologia, USP,
Zil Miranda é doutoranda do Departamento de Sociologia, USP. Ambos são pesquisadores do Observatório de Inovação do Instituto de Estudos Avançados-USP.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Luiz Bersou e Walter Lerner convidam

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Dentro das características de funcionamento do Centro do Conhecimento, você está convidado, a entrada é livre e o endereço é Rua Estados Unidos, número 865/889, estacionamento no local.

Dentro da linha de objetivos do Centro do Conhecimento do Conselho de Administração de São Paulo CRA-SP, entidade aberta a todas as profissões e preocupada com estruturação e sistematização do conhecimento com foco em gestão simplificada e de valor estratégico, estamos desenvolvendo trabalhos interessantes com foco de melhoria de gestão no setor saúde, agricultura de alto desempenho, gestão avançada de recursos humanos, como exemplo, entre outros. Nestes temas estamos focando “Competitividade”.

Dentro do lema “Inovação e Competitividade”, meta dos trabalhos do Centro do Conhecimento, estamos dando mais dinâmica às questões da “Inovação”, através de uma série de palestras sobre esta questão tão importante.

Conceituação da Inovação, caracterização dos ciclos econômicos da inovação e seus reflexos nas empresas, os ciclos de inovação de maturação rápida a partir da imersão profunda em clientes, a preparação da empresa para a capacidade de inovação constante e progressiva por meio da construção da cultura voltada para ser vetor da inovação, os conceitos David & Golias como fundamentos do equilíbrio entre capacidade para a inovação e capacidade para lançar a inovação de forma correta no mercado são alguns dos temas que estão em debates.

No próximo dia 17/06/2010, quinta feira, a partir das 18:30 horas teremos evento público com foco em inovação e Gestão Estratégica na Administração de Pessoas. O palestrante será o Dr. Helio Graciosa, presidente do CPqD, que abordará o tema Desafios das Organizações no Século XXI: O Papel Estratégico da Inovação.

O CPqD, Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Tecnologia na área de comunicação é um dos maiores centros de pesquisa do mundo e o principal centro da America Latina. Fica em Campinas, SP.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Grandes empresas têm investido mais em inovação

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Miguel Jorge: "O crescimento da demanda interna e as pressões de custo foram lembrados por 57% das empresas"

As grandes empresas industriais estão investindo fortemente em inovação para o lançamento de produtos e adoção de novos processos produtivos e têm planos de aumentar esse investimento, constatou a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em sua primeira "Sondagem de Inovação", divulgada ontem. Os resultados da sondagem, feita no primeiro trimestre com pouco mais de 300 das 1,65 mil empresas industriais com mais de 500 empregados, vão de encontro aos temores de "desindustrialização" no Brasil devido à valorização do real e ao aumento de importados.

"As empresas não apenas estão aumentando a produção de sua capacidade instalada como estão investindo para ampliar e modernizar o parque produtivo", resumiu o presidente da ABDI, Reginaldo Arcuri. "Um dos fatores mais notáveis é que 63,7% apontam as exigências dos clientes entre as razões para investir em inovação", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. "O crescimento da demanda interna e as pressões de custo foram lembrados por 57%", afirmou.

A revelação, pela sondagem, de que houve inovações tecnológicas em 71,4% das empresas pesquisadas foi interpretada por Jorge e Arcuri como reflexo das medidas de apoio à inovação editadas nos últimos anos, como a Lei do Bem, a Política de Desenvolvimento Produtivo, e instrumentos como o Cartão BNDES. "O conhecimento sobre os mecanismos ainda é o grande problema, é impressionante o desconhecimento dos empresários sobre o que têm à disposição", comentou Arcuri.

A sondagem constatou que 10,5% das grandes empresas lançaram inovações tecnológicas em seus produtos ou nos processos de produção que eram inexistentes no mercado nacional e 13,3% declararam que pretendiam fazer o mesmo no segundo trimestre. Entre janeiro e março, 48,6% das grandes empresas adotaram no processo de produção inovações disponíveis no mercado nacional.

O percentual das que aumentaram investimentos em inovação chegou a 34% e as que mantiveram investimentos somaram 47%. Apenas 12% reduziram o que investiam em inovação. O maior percentual de aumento nos investimentos em inovação foi provocado pela aquisição de máquinas e equipamentos, que aumentou em 47% das empresas pesquisadas.Valor9.6.10

Empresa elege inovação como foco exclusivo

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A Recepta biopharma é uma empresa brasileira de biotecnologia. Mas há uma definição mais precisa, dada por seu presidente, José Fernando Perez.

"Não somos uma empresa que faz pesquisa e inovação. Nós só fazemos pesquisa e inovação", ressalta, dando ênfase ao "só", para amplificar o foco absoluto do negócio.

A Recepta biopharma foi criada em 2005 a partir de uma parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, dos Estados Unidos, e se dedica à pesquisa e ao desenvolvimento de anticorpos monoclonais para utilização em tratamento da doença. Os anticorpos monoclonais, que vem se mostrando uma promessa na terapia do câncer, são moléculas biológicas com a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos em tumores e estimular uma ação do sistema imunológico direcionadas apenas às células tumorais.

O Instituto Ludwig licenciou para a Recepta a propriedade intelectual de quatro anticorpos. Além deles, a empresa está trabalhando na geração de novos anticorpos de uso clínico e tem sua ação baseada em parcerias com universidades, institutos de pesquisa, hospitais brasileiros e a colaboração de cientistas estrangeiros. O objetivo é criar medicamentos eficientes e tratamentos mais baratos.

Na prática, a Recepta atua como muitas empresas americanas de pesquisa: faz a ponte entre o conhecimento, a pesquisa básica da academia, e o mercado, os laboratórios que irão produzir em escala comercial os remédios a partir das moléculas desenvolvidas e testadas por ela. "Investimentos cerca de R$ 7 milhões por ano", diz Perez. Ele destaca a mudança de cultura ocorrida no país nos últimos dez anos, com mais apoio à inovação e financiamentos públicos, como os da Finep.

"Sem isso, não existiríamos", diz o executivo. O campo de atuação da Recepta são as chamadas fase um e dois das pesquisas de desenvolvimento de fármacos, nas quais a empresa desenvolve e testa moléculas com eficácia comprovada para se tornarem remédios. A fase um é feita com um grupo pequeno de voluntários. Já a dois requer bem mais gente e conta com uma rede de hospitais parceiros. A fase três - a elaboração do medicamento em si para fins comerciais - já ocorre nos laboratórios farmacêuticos.

A Recepta tem um produto em testes avançados na fase dois, aquela na qual busca respostas clínicas dos pacientes para medir a eficácia da droga em itens como o controle da progressão da doença e aumento de sobrevida. Um teste clínico de fase dois leva em média, dois anos e meio. "Somos a primeira e única empresa brasileira neste estágio de pesquisa", lembra Perez. Até 2011, esses testes devem estar concluídos. O mesmo anticorpo está começando a ser testado em outra frente de pesquisa.

Perez acredita que em três anos a Recepta terá um produto pronto para ser negociado com uma grande empresa farmacêutica elaborar e colocar no mercado. Uma vez negociado seu produto, a Recepta recebe um determinado montante para permitir o licenciamento, depois parcelas intermediárias enquanto o medicamento não é lançado e finalmente, royalties. "Trata-se de um negócio com alto nível de incertezas, mas o potencial é muito grande. A população brasileira está envelhecendo e os casos de câncer, aumentando."

terça-feira, 8 de junho de 2010

Indústria farmacêutica precisa investir mais em pesquisa

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"A indústria farmacêutica tem que investir, senão ela morre" diz Jorge Kalil, diretor do Instituto do Coração

Depois de sofrer com a abertura comercial nos anos 90, a indústria farmacêutica brasileira tem recuperado sua força, mas ainda encontra um dos seus maiores desafios no desenvolvimento da pesquisa. O Ministério da Saúde investiu R$ 700 milhões nos últimos cinco anos com a contratação de 3 mil projetos de inovação. O valor ainda é baixo comparado ao Produto Interno Bruto (PIB) do país, de cerca de R$ 3 trilhões, mas é um começo importante, avaliam especialistas presentes ontem no seminário "Caminhos para o financiamento e acesso à saúde", promovido pelo Valor em parceria com a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).

O déficit comercial do setor é de quase US$ 3,5 bilhões. Mundialmente, a média de investimento em inovação da indústria farmacêutica alcança 21% de sua receita, enquanto outros setores investem cerca de 5%. "Essa indústria tem que investir, senão ela morre", diz Jorge Kalil, diretor do laboratório de imunologia do Instituto do Coração. Ele chama atenção para o fato de que, apesar do peso do PIB do Brasil no mundo, o país ocupa apenas a 17ª posição em pesquisa clínica de medicamentos, que é a aplicação assistida das drogas em pacientes.

Inovação farmacêutica é um investimento de alto risco, mas que garante retornos expressivos. Kalil conta que para desenvolver um medicamento, é preciso investir aproximadamente US$ 1 bilhão. "De 10 mil moléculas sintetizadas, apenas uma será comercializada", explica. Além do custo ser alto, um problema no mercado brasileiro é que o processo de aprovação de uma pesquisa clínica é muito longo - chega a até 14 meses, enquanto em países desenvolvidos o período é de três a quatro meses.

A concessão de patentes é outro desafio para a inovação farmacêutica que precisa ganhar mais agilidade e dar mais garantias aos investidores, segundo Jorge Ávila, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Apesar do marco regulatório do setor ser moderno, Ávila diz que há uma série de restrições à concessão de patentes em biotecnologia que acabam gerando insegurança no mercado. "O processo leva cerca de cinco anos e a demora gera incertezas e inibe as pesquisas."

Segundo ele, manter restrições às patentes faz parte de um pensamento que considera o país mais como um importador de tecnologia do que investidor. Dessa forma, a patente significaria custo, e não incentivo. "Proteger a propriedade intelectual é importante para incentivar o desenvolvimento, e no Brasil há algumas deficiências nessa proteção", diz.

Mesmo com essas dificuldades, há casos de sucesso em investimento farmacêutico no país. Um exemplo é a Recepta Biopharma, empresa de desenvolvimento de pesquisa e testes clínicos de medicamentos para tratamento de câncer. Criada em outubro de 2006, ela é a primeira e até agora única empresa brasileira a conduzir a segunda fase de um teste clínico em pacientes de câncer. A empresa investiu R$ 18 milhões até agora, e neste ano deve investir mais R$ 7 milhões. "É um desafio grande, mas estamos num mercado em crescimento", diz José Fernando Perez, diretor da companhia.

Egresso da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ele conta que um dos pontos importantes para desenvolver a inovação no setor é haver interação entre o universo acadêmico e a indústria. "Essa ponte ainda é muito incipiente no país", diz Perez.

Reinaldo Guimarães, secretário de Ciência do Ministério da Saúde, lembra que o setor farmacêutico está entre os seis estratégicos da política industrial brasileira. O próprio governo tem interesse em desenvolver tecnologia para reduzir os seus gastos com medicamentos, que hoje representam 13% do orçamento do ministério.

Segundo ele, há 17 acordos já assinados em cooperação com o setor privado para transferência de tecnologia, um investimento de R$ 850 milhões que deve gerar uma economia para o Sistema Único Saúde (SUS) de R$ 150 milhões na compra de materiais.
Valor 08.6.10

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BNDES investe em empresa inovadora

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Originada de uma incubadora, a Enalta atua há dez anos no mercado com sistema de automação para implementos agrícolas voltados principalmente para a cana-de-açúcar, cultura importante na região de São Carlos
Depois de uma década investindo praticamente com recursos próprios, em janeiro a pequena empresa recebeu um aporte de R$ 500 mil do Criatec, fundo para investimentos em projetos inovadores. Com R$ 100 milhões, o fundo tem 80% dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 20% do Banco do Nordeste.
Com o aporte, o fundo ficou com 12,5% de participação na Enalta e o dinheiro novo serviu para viabilizar um novo sistema de gestão e controle das máquinas agrícolas voltado para os produtores rurais, informa Cleber Manzoni, diretor da empresa. A expectativa, diz, é dobrar o faturamento de 2010 em relação ao ano passado e o novo sistema de gestão deve ser responsável por um terço das receitas.
O Criatec faz parte dos programas para ampliação da inovação, uma das grandes metas da atuação do BNDES levando em conta a política industrial do governo federal. Mais do que isso, é considerado um ícone de como o BNDES conseguiu consolidar nos últimos cinco anos um papel no qual alia a aplicação de recursos em desenvolvimento e também o fortalecimento de outras formas de financiamento, como o mercado de capitais. "O BNDES deixou de ter o dilema de ser banco de investimento ou desenvolvimento. Ele conseguiu financiar empresas e programas sem concorrer nem predar o mercado de capitais. Pelo contrário, muitas vezes, o BNDES cumpriu o papel de financiador ao mesmo tempo em que fortaleceu o mercado", Mario Gomes Schapiro, professor da Direito GV. Apesar de ter poucos recursos na comparação com a capacidade de desembolso total do BNDES, o Criatec, diz, é um bom exemplo desse tipo de atuação porque tem propiciado investimentos em pequenas e médias empresas. Ao mesmo tempo há um fundo de investimento com gestão profissional que seleciona projetos com chances de retorno financeiro na alienação da participação.
O Criatec é um fundo de investimento que aplica recursos em participação de empresas nascentes com perfil inovador. Sob gestão da Antera e do Instituto Inovação, o fundo, desde que foi lançado, em 2007, aprovou projetos apresentados por 25 empresas e já investiu em 19 delas.
Daniel Matoso, supervisor de prospecção do Criatec, explica que o fundo investe em empresas com faturamento de zero a R$ 6 milhões anuais, com aporte inicial de até R$ 1,5 milhão. A venda da participação societária do Criatec pode acontecer entre dois a dez anos após o aporte de recursos. Ao mesmo tempo em que investe, explica Matoso, o fundo dá um "choque de governança". "A ideia é fazer com que uma tecnologia interessante possa ter mercado, com uso de instrumentos de inteligência financeira até o levantamento de canais de distribuição."
Cerca de 40% das empresas que receberam aportes do Criatec estão no interior paulista, mas há empreendimentos em estudo em regiões do Norte e Nordeste.
Valor 04.6.10

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tecnologia para etanol terá linha de financiamento de R$ 1 bilhão

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Na prática, a Finep passará a ser um agente qualificado de repasse da linha de inovação do BNDES antes operada diretamente pelo banco.

RIO - O governo brasileiro decidiu criar um programa de apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de etanol e de outros produtos a partir de novos aproveitamentos da cana-de-açúcar. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o BNDES vão aplicar R$ 1 bilhão no financiamento de novos projetos na área.

Destinada a ser embrião do desenvolvimento de um complexo industrial do etanol no país, a linha concorre com esforços feitos por outros países, especialmente os EUA, a partir de outras plantas. A nova linha é parte de um acordo de parceria de R$ 1,75 bilhão assinado esta semana entre as duas instituições. "Temos vantagem comparativa, fruto de desenvolvimento tecnológico já alcançado (na área do etanol), mas isso tem prazo de validade", disse o presidente da Finep, Luis Fernandes.

Os financiamentos serão focados tanto na produção de etanol a partir do bagaço e da palha da cana (tecnologia da lignocelulose), como também a fabricação de novos produtos, como polímeros, óleos especiais e biodiesel. Fernandes disse que as duas instituições vão estruturar ao longo de junho as condições da nova linha que estará disponível no fim de julho. Os recursos deverão ser liberados ao longo de três ou quatro anos.

O outro acordo assinado entre a Finep e o BNDES prevê o repasse de R$ 750 bilhões da linha de inovação do banco para que a agência, cuja finalidade específica é financiar a pesquisa e desenvolvimento de nova tecnologias, possa ampliar seu raio de ação.

Na prática, a Finep passará a ser um agente qualificado de repasse da linha de inovação do BNDES antes operada diretamente pelo banco. Os financiamentos têm juros subsidiados de 3,5% para áreas prioritárias da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do governo e de 4,5% para estudos ou ações de mudanças de processos de pesquisa e desenvolvimento (P & D) pelas empresas.

A Finep anunciou também linha de R$ 130 milhões para aplicação em novas tecnologias voltadas para o pré-sal. O dinheiro será distribuído entre duas chamadas públicas a serem feitas na próxima semana: uma, de R$ 100 milhões, para projetos em parceria de empresas com instituições de ciência e tecnologia voltados para soluções em equipamentos para pré-sal.

Os outros R$ 30 milhões irão apoiar a criação ou capacitação de laboratórios em instituições de ciência e tecnologia para atender a demandas de fornecedores da cadeia e petróleo e gás.

Valor on line 28.5.2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Inovação na indústria depende de mais incentivos para pesquisa

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Competitividade do Brasil depende do aumento da inovação das empresas. Documento da CNI aponta soluções para garantir crescimento sustentado da economia brasileira

Ampliar em 50% os recursos de subvenção à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do setor privado é uma das propostas da indústria brasileira para aumentar o nível de inovação das empresas. Essa sugestão está no documento A Indústria e o Brasil, uma Agenda para Crescer Mais e Melhor, entregue nesta terça-feira, 25 de maio, aos pré-candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), no encontro promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O setor industrial entende que a competitividade do Brasil no mundo depende do aumento da inovação das empresas. Mas o avanço da produtividade brasileira, medida pela razão entre a produção e o número de horas trabalhadas, perdeu força entre 2000 e 2008. Num ranking com 20 países, o Brasil ficou na 17ª colocação, crescendo a uma taxa média anual de apenas 0,9%, percentual bem aquém de líderes como Coréia do Sul (7,4%), Taiwan (5,2%) e Suécia (4,8%). O Brasil ficou numa situação melhor somente em comparação com a Itália, Cingapura e Canadá.

Na questão da inovação da indústria lembra que as subvenções, os incentivos fiscais e as encomendas governamentais são os instrumentos clássicos de apoio governamental à inovação. Porém, o Brasil precisa atuar mais nessas áreas. Para se ter uma ideia, apenas 6,5% das empresas brasileiras declararam em 2005 receber algum tipo de apoio para inovação, segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.

A indústria entende que os incentivos fiscais à inovação no Brasil são restritos, pois deixam de fora pequenas e médias indústrias optantes pelo regime de lucro presumido. "No Brasil, os incentivos fiscais estão concentrados na Lei de Informática, que é relevante, mas representam um incentivo apenas marginal para P&D", diz o documento.

Diante desse cenário, a indústria propõe a revisão do sistema de incentivos à inovação, permitindo que um maior número de empresas possa ter acesso a eles. Para começar, os incentivos fiscais devem ser estendidos às empresas que apuram os impostos pelo lucro presumido. Seria importante também permitir que os beneficiários de incentivos fiscais utilizem os créditos tributários para além do exercício fiscal, de modo a flexibilizar essa aplicação.

Ampliar as compras governamentais, que garantem mercado para produtos inovadores, também é uma sugestão da indústria. Segundo o documento, que será entregue aos presidenciáveis, esse mecanismo é considerado um dos mais eficientes nos países emergentes e mesmo em países desenvolvidos, como nos Estados Unidos. A ideia é priorizar a inovação nas compras do setor público, com a generalização dessa prática para além das áreas de Defesa e Saúde Pública.

A criação de um quadro institucional adequado também é uma sugestão do documento. Uma alternativa seria a criação de uma Agência de Inovação diretamente ligada à Presidência da República. Mas seria importante ainda uma melhor articulação entre os ministérios da área econômica do Governo e os de Ciência e Tecnologia. Hoje, com exceção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os agentes públicos mais relevantes na área de inovação estão vinculados ao Ministério de Ciência e Tecnologia e têm pouca interlocução com a área econômica do Governo.

Além da inovação, no documento entregue aos presidenciáveis a CNI faz um diagnóstico e aponta soluções para outras 11 áreas imprescindíveis para garantir o crescimento sustentado da economia brasileira.

(Fonte: Agência CNI - 24/05/2010)

Gasto com pesquisa é o maior em 11 anos

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Ciência e tecnologia: Investimento privado aumenta, mas só 2 mil dos 87 mil doutores do país estão nas empresas

Sérgio Rezende: "Sempre faltam recursos, mas a nossa experiência, no caso das subvenções, mostra que a qualidade dos projetos ainda deixa a desejar"

O Brasil está investindo, neste ano, o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento (P&D). É o maior patamar de investimento dos últimos 11 anos - no ano 2000, o país aplicou 1,02% do PIB e, no ano passado, 1,3% do PIB. Do total deste ano, 0,65% está sendo desembolsado por empresas privadas e estatais, percentual praticamente idêntico ao do setor público.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, diz que, nos últimos anos, a estabilização da economia e a abertura comercial do país forçaram as empresas a investir mais em P&D, mas ele acha que elas ainda investem muito pouco. "Falta cultura", afirma Rezende nesta entrevista. Ele informa que, dos 87 mil doutores existentes no Brasil, apenas dois mil trabalham em empresas. O ministro acredita, no entanto, que há um processo de mudança em curso.

Físico de materiais com doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Rezende afiança que o Brasil está começando a ser percebido lá fora como um ator emergente não só na economia, mas também na área de ciência e tecnologia. Há duas semanas, ele foi à Costa Oeste americana, em viagem organizada pelo diplomata Rodrigo Baena, responsável na Secretaria de Comunicação do governo pela divulgação do Brasil no exterior.

Já como resultado da viagem, a Intel manifestou interesse em entender melhor as condições para implantar um centro de pesquisa no Brasil. A IBM decidirá, entre Brasil, Austrália e Emirados Árabes, onde instalar o seu. E a General Eletric (GE), recordado o ministro, optou recentemente pelo Brasil.

De amanhã até sexta-feira, o ministro comandará, em Brasília, a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que, até sexta-feira, já tinha quase 5 mil inscritos.

Valor: Que avanços o senhor julga que ocorreram na área de C&T nos últimos anos?

Sérgio Rezende: Houve quatro avanços, que estão relacionados às quatro prioridades do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação, lançado em 2007. O primeiro foi a consolidação de um sistema nacional de C&T. O sistema já existia com esse nome há muito tempo, mas somente agora ele está funcionando efetivamente.

Valor: No que consiste esse sistema?

Rezende: Consiste em decidir sobre a apoio a programas não de cima para baixo, mas de maneira articulada com sociedades científicas e entidades empresariais e com os Estados e até com alguns municípios. Hoje, existe um conselho de secretarias estaduais de C&T. Vários dos programas que temos atualmente foram articulados com os Estados, que têm que entrar com contrapartida, algo que foi definido pelo próprio conselho.

Valor: Como funciona a contrapartida?

Rezende: No caso de São Paulo, é um para um - para cada real colocado pelo governo federal num programa de pesquisa, o Estado coloca outro. Nos casos de Rio de Janeiro e Minas Gerais, a gente entra com 1,5 e eles, com 1. Nos Estados mais pobres, a proporção é de 5 para 1. Há um programa, destinado a expandir e consolidar o sistema de C&T, que é o de Núcleos de Excelência (Pronex). O edital é feito pelas fundações estaduais e uma boa parte dos recursos vem do governo federal. O resultado efetivo desse programa, que foi criado em 1997, mas sofreu esvaziamento e depois foi revigorado pelo governo Lula, é que os Estados passaram a colocar recursos. Os governadores passaram a ver que, se colocassem mais recursos nesses programas, mais eles receberiam do governo federal.

Valor: Há outros programas em parceria com os Estados?

Rezende: Há, por exemplo, o Programa de Apoio à Pesquisa em Pequena Empresa (Pappe). A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) entra com os recursos da subvenção [a fundo perdido], mas a empresa tem que disputar isso por meio de edital. O governo estadual também coloca recursos, mas não pode escolher diretamente os projetos. A Lei de Inovação exige que haja disputa, via edital de concorrência, pelos recursos que vêm de subvenção.

Valor: Qual foi o segundo avanço?

Rezende: Foi o grande aumento nos recursos financeiros. No ano 2000, os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que inclui dinheiro para pesquisa e subvenções dadas a empresas, limitaram-se a R$ 220 milhões, em valores de hoje. Em 2010, vão a R$ 3,1 bilhões. Considerando todos os recursos federais, o que inclui as verbas dos institutos do MCT, os programas nuclear e espacial, o CNPq e outras ações do ministério, o orçamento saltou, no mesmo período, de R$ 1,070 bilhão para R$ 5,376 bilhões.

Valor: Na semana passada, o governo anunciou que cortará R$ 10 bilhões do orçamento. A sua área sofrerá cortes?

Rezende: Não houve nem haverá contingenciamento no MCT. Um artigo que está na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) há alguns anos proíbe o contingenciamento de recursos dos fundos setoriais.

Valor: Mas eles foram contingenciados nos últimos anos.

Rezende: Em 2007, o presidente Lula decidiu que o contingenciamento dos fundos seria decrescente até chegar a zero em 2010. É isso o que está ocorrendo.

Valor: Qual foi o terceiro avanço?

Rezende: Foi a percepção de muitos empresários e empreendedores da necessidade de investir em C&T e inovação, isso em paralelo à criação dos novos instrumentos de apoio. O setor privado está investindo 0,65% do PIB em P&D. Em 2000, investia 0,47% do PIB.

Valor: Os críticos dizem que é muito pouco quando se comparam aos investimentos feitos por países que concorrem com o Brasil?

Rezende: Isso é verdade. O interesse das empresas cresceu, mas ainda é muito pequeno. Mas antes não havia nada. Temos três modalidades de subvenção econômica: o Pappe; o edital nacional, criado em 2006; e o Prime (Primeira Empresa Inovadora), para novas empresas, lançado no ano passado. Nos três programas, foram beneficiadas até agora cerca de 2.500 empresas. Em 2006, do primeiro programa [de subvenção nacional], foram beneficiadas aproximadamente 200 empresas.

Valor: Quanto foi liberado?

Rezende: O total chegou a cerca de R$ 2 bilhões. As liberações são crescentes, o que demonstra o interesse das empresas. O edital nacional deste ano, que será anunciado durante a conferência pela Finep, vai dispor R$ 500 milhões.

Valor: Por que o interesse empresarial ainda é aquém das necessidade? Faltam recursos?

Rezende: Falta cultura. Sempre faltam recursos, claro, mas a nossa experiência, no caso das subvenções, mostra que a demanda é muito grande, mas a qualidade dos projetos, que são julgados por comitês com representantes das empresas, do meio acadêmico e do ministério, ainda deixa a desejar.

Valor: Por quê?

Rezende: Porque as empresas não têm pesquisadores de uma maneira geral.

Valor: E por que elas não contratam pesquisadores?

Rezende: Porque é uma questão cultural. Até a década de 80, a preocupação das empresas era pagar os salários no fim do mês, correr contra a inflação. Na década de 90, aconteceram duas coisas marcantes: uma foi a estabilização da economia; outra foi a abertura comercial. Com a abertura, aquelas empresas que não tinham gestão foram engolidas, muitas desapareceram, outras foram à falência. Mas já havia um movimento, que começou no governo e foi tendo a adesão das empresas, para desenvolver programas de gestão da qualidade. As empresas passaram a ver que tinham que ter certos padrões para ter boa gestão. Hoje, muitas das pessoas que foram líderes daquele processo, como Jorge Gerdau, são os que lideram agora o movimento para a inovação. Uma vez que a empresa tem gestão da qualidade, ela possui um produto de mercado, vai bem e sobrevive. Mas, para fazer grandes avanços, ela tem que ter coisa nova.

Valor: Faltam mestres e doutores na empresa brasileira?

Rezende: Na Coreia do Sul, 80% dos pesquisadores estão nas empresas. Nos Estados Unidos, mais de 60% estão nas companhias, embora lá haja um grande contingente no governo por causa dos laboratórios e dos investimentos em defesa. No Brasil, a maioria está no governo [principalmente, nas universidades]. Dos 87.063 doutores que temos no Brasil [dados de 2008), apenas 2 mil, o equivalente a 2,3% do total, estão trabalhando em empresas. Mas essa situação está começando a mudar.

Valor: Como?

Rezende: Há dez anos, havia somente 200 doutores nas empresas. A mudança foi grande e tenho certeza de que será maior ainda na próxima década. Além disso, o Brasil está formando mais de 10 mil doutores por ano [em 2009, foram 11,4 mil] e quase 39 mil mestres [38,8 mil no ano passado]. No caso dos doutores, formamos mais do que França, Itália, Coreia do Sul, Espanha e Finlândia e menos do que Índia, Rússia, China, Japão, Alemanha e Estados Unidos.

Valor: O que está faltando para que as empresas contratem pesquisadores, mestres e doutores?

Rezende: Está faltando o sistema empresarial ver que isso faz diferença. Uma empresa que possui doutores tem mais competitividade e maior lucratividade. Não adianta o governo falar. O governo pode criar mecanismos para estimular. Criamos, por exemplo, a Lei da Inovação, que procura aproximar os pesquisadores das empresas. Essa lei criou a subvenção tanto para financiar projetos quanto para contratar mestres e doutores, mas a demanda das empresas para esse tipo de contratação ainda é muito pequena. Há uma interpretação no mercado de que, de um modo geral, o doutor aprofundou os estudos e é muito acadêmico. As empresas acabam preferindo o engenheiro.

Valor: O doutor formado no Brasil não é mesmo muito acadêmico e distante da realidade das empresas?

Rezende: A maioria certamente é, mas isso é um processo. Há muitas universidades formando engenheiros com doutorado. O engenheiro sai do doutorado com uma base teórica, mas muitas vezes experimental também, muito grande. Mas quando chega à empresa, ele precisa se envolver com os problemas e usar toda aquela formação para tentar resolver as questões da companhia.

Valor: O problema está na forma como a universidade brasileira prepara seus doutores?

Rezende: Nós temos, por causa da demanda, um público na área de ciências humanas - ciências sociais, direito, administração etc. - proporcionalmente maior que o de outros países. Na Coreia, na China e na Índia, há uma procura muito maior pelas engenharias.

Valor: O senhor acha que é um problema o país formar mais doutores nas ciências humanas?

Rezende: Não. Isso reflete um estágio da nossa cultura e também das oportunidades existentes. O Brasil forma uma quantidade enorme de advogados, que têm muitas oportunidades no mercado de trabalho. Um exemplo: há inúmeros concursos na área pública para pessoas formadas em direito. O mercado tem um papel importante. Entre 1982 e 2002, o número de estudantes formados em engenharia diminuiu de 26 mil para 15 mil. Isso ocorreu por causa dos anos de estagnação da economia. Os jovens olham para as carreiras que oferecem oportunidades. Hoje, com a retomada do investimento e o crescimento da economia, está faltando engenheiro, e não se forma um da noite para o dia. A Vale e a Petrobras estão procurando profissionais no exterior.

Valor: O que o governo está fazendo para valorizar as ciências exatas?

Rezende: Estamos fazendo, com o Ministério da Educação, algo que terá resultado em dez anos: a Olimpíada Brasileira de Matemática na escola pública. Começou em 2005, por ordem do presidente Lula. O que ocorria até então é que os estudantes das escolas públicas não concorriam na olimpíada nacional de matemática por medo, então, o governo criou uma só para a escola pública. Em 2005, tivemos 10,5 milhões de concorrentes. Em 2009, foram 19,1 milhões, 10% da população brasileira. As crianças não são obrigadas a concorrer, como no exame do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Valor: O que os estudantes ganham ao participar da olimpíada?

Rezende: Os 300 melhores ganham medalha de ouro, os 600 seguintes, medalha de prata, outros 2.100 seguintes, medalha de bronze, e todos ganham uma bolsa de R$ 150 para, no ano seguinte, fazer curso de matemática, fora da sala de aula. Em 2009, estudantes de 43 mil escolas públicas em 5.650 cidades participaram da olimpíada, o que equivale a 99,1% dos municípios. Isso vai estimular muitos estudantes a optarem por engenharia e áreas afins mais adiante.

Valor: É muito comum comparar-se o fracasso brasileiro nessa área ao sucesso da Coreia do Sul.

Rezende: É muito diferente fazer uma política industrial e tecnológica para um país de 8,5 milhões de Km2 e 190 milhões de pessoas, do que fazer para a Coreia, que hoje é um país democrático, mas que quando deu o grande salto não era. Os "chaebols", os grandes grupos coreanos, eram empresas da área de agricultura, de exploração de recursos naturais, que o governo chamou e disse o que é que eles iam fazer. A política industrial coreana, portanto, foi forçada.

Valor: Qual foi o quarto avanço?

Rezende: Foi o fato de termos priorizado também C&T para o desenvolvimento social, num sentido bem abrangente - inclusão digital, melhoria do ensino nas escolas públicas etc. Há coisas que o MCT não fazia antes. Inclusão digital, por exemplo, não era assunto desse ministério.

Valor: O Brasil é muto atrasado e desigual no acesso à internet rápida. Por que é assim?

Rezende: Eu não diria que está tão atrasado, afinal, existem 60 milhões de usuários de internet no Brasil. Em média, o brasileiro fica na internet três vezes mais tempo do que a média dos outros países.

Valor: O que explica isso não é a internet lenta?

Rezende: Certamente, isso contribui, mas não só. Não há mais acesso porque o custo é alto. Outra razão é que não existe internet ainda nos locais coletivos - principalmente, nas escolas públicas e nos centros comunitários, onde a população mais pobre poderia ter acesso. As escolas estão tendo acesso gradualmente, até o fim deste ano deve chegar a 56 mil. Agora, surge o plano nacional de banda larga porque, há quatro anos, não se falava disso; falava-se apenas de internet. Na medida em que a internet vai ficando sofisticada, a informação passa a ser mais completa e isso exige mais velocidade. O governo decidiu usar os cabos de fibra óptica que pertenciam a empresas estatais de energia e recriar a Telebrás para gerir isso.

Valor: Como ela vai operar?

Rezende: Não está definido ainda. Há visões diferentes dentro do governo.

Valor: Qual é a sua?

Rezende: É que a Telebrás deveria chegar aos municípios e, lá, oferecer o serviço a um provedor de internet a um determinado custo, menor do que aquele que as grandes empresas comerciais cobram hoje. Só no Rio Grande do Sul, há 600 licenças concedidas pela Anatel a pequenos provedores para exploração de internet. Falta chegar a infraestrutura.

Valor: É possível chegar a um custo mais baixo ou haverá subsídio?

Rezende: Por um bom tempo, quem vai bancar isso é o governo. A Telebrás vai levar o serviço aos locais onde não existe banda larga e também onde os preços estão muito altos. No fundo, o que o governo quer é contribuir para a regulação desse mercado, forçando os preços para baixo.

Valor: O setor de telecomunicação era muito ineficiente antes da privatização. O senhor não teme que a recriação de uma estatal crie novas ineficiências?

Rezende: O plano da Telebrás é ser uma empresa enxuta, que vai contratar serviços de outras empresas, como já fazem as empresas privadas. Prefiro correr esse risco a continuar como está hoje. Estão aí os preços altos cobrados pelas empresas privadas e a falta de cobertura. Com a Telebrás, as empresas serão obrigadas a cortar custos e a reduzir preços.