quarta-feira, 22 de junho de 2011

MONITORANDO O DÉFICIT

MONITORANDO O DÉFICIT I
A Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec) irá divulgar trimestralmente o relatório intitulado Monitor do Déficit Tecnológico com resultados relativos ao comércio exterior de mercadorias e serviços, além de monitorar o déficit tecnológico, verificando assim o desempenho e a competitividade da indústria brasileira frente a outros países. O intuito é analisar e dar maior visibilidade ao problema enfrentado pelo setor industrial, que registrou recorde de US$ 85 bilhões negativos no ano passado. O indicador do déficit foi criado pela Protec e consiste no saldo comercial dos segmentos industriais de alta e de média-alta tecnologia, somado ao saldo comercial das contas de serviços tecnológicos. O Monitor do Déficit Tecnológico será publicado no portal www.protec.org.br


MONITORANDO O DÉFICIT II

E o primeiro relatório, referente ao primeiro trimestre deste ano, revelou um déficit tecnológico de US$ 23 bilhões, um número cinco vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2006. O estudo sinaliza ainda uma aceleração de US$ 686 milhões no mês de abril, em comparação com a média do primeiro trimestre. O principal contribuidor foi o setor químico, que aumentou seu déficit em US$ 404 milhões. A previsão da Protec para o ano é de novo recorde, ultrapassando os US$ 100 bilhões.

Sebrae e CNI selecionam projetos na área de inovação

Propostas devem ser encaminhadas por federações industriais nos estados, elaboradas em parceria com unidades estaduais do Sebrae

Está aberta até o dia 1° de julho, pelo Sebrae e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a segunda chamada de projetos de apoio financeiro para implantação de planos de inovação em micro e pequenas indústrias, por meio de ações de mobilização, capacitação, consultoria e assessoria. O objetivo é ampliar a competitividade desses negócios. A análise das propostas é feita de acordo com a ordem de recebimento dos projetos, e os resultados serão divulgados para cada proponente a partir da segunda quinzena de julho.

Essa é a segunda chamada de projetos do convênio, em vigor desde outubro de 2010, com previsão de realizar de três chamadas. Conforme o analista de atendimento coletivo do Sebrae na área de indústria, Alexandre Ambrosini, na primeira chamada foram recebidas 20 propostas, das quais 16 foram aprovadas e estão em fase inicial de execução.

As ações estabelecidas nos projetos são desenvolvidas pelos núcleos estaduais de inovação. Eles integram a Rede de Núcleos de Inovação (RNI), da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), entidade criada pela CNI e integrada por várias empresas com o objetivo de debater e incentivar a inovação no País.

“A inovação permite que a empresa não fique estagnada e siga atendendo às exigências do mercado, oferecendo produtos ou serviços novos e se antecipando à demanda. O projeto permite isso de forma prática”, afirma Alexandre Ambrosini. Essa prática, lembra, será feita por meio das ações que serão desenvolvidas por meio dos projetos de implantação de planos de inovação nas micro e pequenas indústrias e que vai da sensibilização dos empresários à capacitação.

As propostas devem ser encaminhadas por federações industriais nos estados, elaboradas em parceria com unidades estaduais do Sebrae, por email (eliane@cni.org.br e cynthia@cni.org.br) e via Correios para a Confederação Nacional da Indústria, no endereço GEPI, SBN Qd 1, Bloco C, Ed. Roberto Simonsen – 9º andar, CEP 70041-903 – Brasília-DF. Os envelopes devem trazer a seguinte identificação: Chamada de Projetos 01/2011 – CNI/Sebrae, implantação de planos de inovação em MPE, 2ª chamada do Convênio.
Agência Sebrae de Notícias 16.6.2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Embraco e Fapesc vão destinar R$ 10 milhões para projetos de inovação

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A fabricante de compressores Embraco e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) vão oferecer até R$ 10 milhões, nos próximos cinco anos, em linhas de financiamento voltadas à inovação.

Segundo o presidente da empresa, João Carlos Brega, a intenção é estimular projetos nas áreas de eficiência energética, nanotecnologia e eletrônica que possam contribuir para uma maior competitividade tecnológica das empresas catarinenses.

Os recursos serão repassados diretamente às instituições contempladas com as linhas de financiamento ao longo de cinco anos. A Whirlpool, controladora da Embraco, disponibilizará R$ 5 milhões. A Fapesc complementa com outros R$ 5 milhões.

A Embraco investe cerca de 4% do faturamento anual em pesquisa. Com uma equipe de cerca de 500 pessoas trabalhando em desenvolvimento de produtos e pesquisa ao redor do mundo - 300 no Brasil -, a empresa atribuiu 80% das vendas a produtos lançados nos últimos quatro anos. Em 2010, a Embraco alcançou a marca de 1 mil patentes no mundo. Segundo Brega, a empresa mantém convênios com cerca de dez universidades nas regiões em que mantém unidade produtiva.

O presidente diz que não há um interesse direto em contratar pesquisadores que se destaquem ou implementar todos os programas desenvolvido por meio de incentivo da Embraco. De acordo com ele, muitas vezes é mais interessante manter o pesquisador ligado ao meio acadêmico do que trazê-lo para a realidade corporativa.

Entre as inovações mais recentes da empresa estão o microcompressor individual, desenvolvido para auxiliar na refrigeração de uniformes, como o de bombeiros, e no transporte de órgãos, já que pode ser movimentado e adaptado a equipamentos menores. A empresa também investiu cinco anos de pesquisa e cerca de US$ 20 milhões no desenvolvimento de uma tecnologia de compressor que dispensa o uso de óleo lubrificante. Essa combinação permite ao produto atingir níveis de eficiência superiores aos alcançados por todas as outras versões de compressores do mercado e pode ser usado em diferentes posições - evita aquela restrição nos refrigeradores convencionais de que precisa ser mantido na vertical, por exemplo.
Valor 20.6.2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

UFRJ atrai empresas para investimento em pesquisa

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Maurício Guedes, da Fundação Parque Tecnológico: cada empresa terá que gerar R$ 6 milhões de projetos por ano


Siemens-Chemtech, BG e EMC venceram a disputa promovida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para ocupar três terrenos no Parque Tecnológico da Coppe, na Ilha do Fundão. As três juntas devem investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de US$ 150 a US$ 200 milhões em dois anos. A estimativa é de contratação de 300 a 400 pesquisadores, informou Marcelo Haddad, titular da agência de fomento Investe Rio.

Ficou de fora a Vallourec & Mannesmann, que produz tubos e vedações para a indústria do petróleo. Venceram as empresas que pagaram mais pelo aluguel do terreno. O processo de seleção, realizado em lances, com proposta em envelope fechado, foi feito em três etapas, uma para cada terreno. As três empresas vão ocupar área de 240 mil metros quadrados.

Na primeira rodada, saiu vencedora a Siemens, que vai pagar R$ 56 mil mensais pela área. Na segunda, ganhou a BG, com a oferta de R$ 61 mil mensais de aluguel. Na terceira, foi a vez de entrar a EMC, com R$ 9 mil.

A queda do valor pago pela EMC surpreende se comparado ao das duas primeiras rodadas. Mas foi a maior oferta naquele lance. O diretor-geral da Fundação Parque Tecnológico da Coppe/UFRJ, Maurício Guedes explica que é importante para a universidade quanto vai receber, mas a questão é menos imobiliária e muito mais a oportunidade de pesquisas que serão geradas. Está no contrato que cada uma das empresas terá que gerar R$ 6 milhões de projetos por ano com a UFRJ.

O grupo BG informou que as obras do novo centro devem começar entre o fim deste ano e o início de 2012 e o início da operação está previsto para o primeiro trimestre de 2013. Será um Centro Global de Tecnologia, centralizando a gestão de projetos de pesquisa de tecnologia a partir de uma rede de Institutos BG distribuída pelo Brasil em parceria com universidades locais e internacionais e empresas fornecedoras. O objetivo é exportar inovação tecnológica para outras partes do do mundo.

A companhia informou ainda que o grupo investirá cerca de US$ 1,5 bilhão até 2025 em P&D. Segundo a companhia, aqui o foco serão projetos que tenham como base estudos ligados às operações necessárias para o desenvolvimento do pré-sal, assim como perfuração, segurança operacional e ambiente.

Os valores dos investimentos de cada uma das vencedoras não foi divulgado. Duas delas, Siemens-Chemtech e EMC, estão programando a vinda de altos executivos das respectivas matrizes para anunciar os detalhes dos projetos.

O principal executivo da área de pesquisas da EMC, Pat Gelsinger (responsável por várias patentes quando era da Intel) chega ao Rio de Janeiro em breve. Procurada, a Siemens informou que não é o momento de divulgar nada. A empresa não confirma a vinda de um executivo da matriz, mas a visita é esperada.

Em entrevista ao Valor, em maio, o presidente da Siemens para as Américas, Peter Solmssen e o presidente da empresa no Brasil, Adilson Primo, disseram que a instalação de centro de pesquisas no Parque Tecnológico permitiria aproveitar sinergias com o Centro de Pesquisas da Petrobras e da Eletrobras.

A proposta, segundo eles, é fazer pesquisas em redes inteligentes, tecnologias usadas na transmissão e distribuição de energia elétrica, além de petróleo, atividade da Chemtech, braço do grupo alemão focado na área de óleo e gás. Esta empresa tem 800 engenheiros dedicados a P&D.

A EMC foi alvo de longo trabalho de atração para a UFRJ, realizado pela Investe Rio. Havia outras cidades na Ásia na disputa para sediar o centro de pesquisas.

A empresa, que faturou US$ 17 bilhões no ano passado e atua na área de processamento de grande volume de dados, está atenta aos desafios da chamada computação na nuvem para grande volume de informações, como é o caso da área de petróleo. Mas também pretende envolver pesquisas em telecomunicações e na área de saúde.
Valor 08.6.11

terça-feira, 7 de junho de 2011

Empresas que desenvolvem tecnologia no país poderão cobrar até 25% mais que produto importado

União usará compras para estimular inovação

O uso do poder de compra do governo para dar vantagens a fornecedores nacionais que invistam em tecnologia será uma das principais armas da Política de Desenvolvimento Competitivo (PDC), a nova política industrial, a ser divulgada em breve pelo governo. O setor público será autorizado a fazer encomendas, sem licitação, de bens tecnológicos a serem desenvolvidos por empresas no país, especialmente em áreas como fármacos, defesa e software.

A equipe econômica finalizou também a regulamentação que dará preferência nas compras de governo a empresas que desenvolvem tecnologia no Brasil, mesmo a preços até 25% superiores aos dos concorrentes estrangeiros ou de tecnologia importada. O governo revê a Lei de Informática, a chamada Lei do Bem e a legislação sobre semicondutores, para ampliar incentivos à fabricação e montagem de eletroeletrônicos no país. A tendência dos técnicos é retirar vantagens hoje concedidas à montagem de equipamentos eletrônicos, limitando-as, gradualmente às empresas com requisitos mínimos de componentes nacionais.

As empresas enquadradas na Lei de Inovação ou na Lei do Bem, com incentivos à produção nacional, também serão beneficiadas pela margem de preferência de 25% nas licitações públicas, segundo a regulamentação em estudo. Processos, como os usados na fabricação de princípios básicos para fármacos, também terão essa vantagem sobre importados.

Como hoje ocorre com os Processos Produtivos Básicos (PPBs), apresentados pelas empresas candidatas a incentivos fiscais do governo, as empresas ou consórcios interessados em receber encomendas do governo, de desenvolvimento de produtos e processos com alto grau de tecnologia, terão propostas analisadas por uma comissão interministerial, que avaliará a adequação da empresa ou consórcio às necessidades do governo e às expectativas de desenvolvimento tecnológico do país.

O governo tem, como alvo, especialmente, fornecimento de softwares aos órgãos públicos, equipamentos de saúde, remédios, vacinas e equipamento de defesa - há a possibilidade de incluir até o setor de têxteis, com a incorporação de novas tecnologias na confecção de uniformes para as Forças Armadas, segundo exemplifica uma autoridade envolvida na discussão.

Em compras de instrumentos e equipamentos para o setor de saúde, o Estado gasta pelo menos R$ 10 bilhões por ano, calcula um técnico que participa das discussões da PDC, para dar uma dimensão do peso que a medida pode ter na economia.

Os diversos ministérios encarregados da elaboração do novo programa de apoio à indústria nacional divergem sobre a melhor maneira de divulgá-lo. Enquanto o Ministério do Desenvolvimento prefere divulgar todas as medidas em uma só cerimônia, com o anúncio das metas e linhas de ação da PDC, outros ministérios, o da Fazenda e o da Ciência e Tecnologia, são favoráveis à liberação das novas regras à medida que o detalhamento for aprovado pelos ministros.

Algumas das decisões podem sair nos próximos dias, como medidas da PDC, mesmo antes da divulgação de todo o conjunto. Além do uso das compras governamentais como ferramenta para incentivar a produção nacional de partes, componentes, produtos e serviços, estão em fase final mudanças tributárias, que serão complementadas por medidas de crédito e pelo reforço dos mecanismos de proteção contra a concorrência dos importados.

Se depender do estágio atual das discussões no governo, a desoneração de impostos deve se limitar à prometida desoneração da folha de pagamentos, com eliminação, em três anos, da contribuição previdenciária paga pelas empresas, e à ampliação do Supersimples, alvo de projeto já no Congresso, que elevará para R$ 3,6 milhões o faturamento bruto anual permitido a empresas para se beneficiarem de simplificação de impostos. As empresas exportadoras poderão continuar enquadradas no Supersimples, caso extrapolem esse limite de faturamento com exportações.

A desoneração da folha será anunciada, mas seu formato ainda não obteve consenso na equipe econômica, que ainda busca maneiras de compensar a perda de arrecadação, de até R$ 95 bilhões com o fim da contribuição patronal. Nos últimos dias, o governo passou a avaliar a proposta apresentada pela Confederação Nacional de Serviços (CNS), de eliminação total da contribuição previdenciária das empresas em troca da criação de uma nova contribuição sobre movimentação financeira.

O inconveniente dessa proposta é a alíquota alta, 0,6%, necessária para compensar as perdas da Previdência com essa contribuição, cobrada sobre movimentações como a antiga CPMF. A alternativa preferida até agora a uma nova contribuição sobre a movimentação financeira seria cobrança pelo faturamento das empresas, mas os técnicos ainda não chegaram a um acordo sobre como fazer a mudança - o imposto sobre faturamento poderá ser cobrado apenas de alguns setores, embora a preferência seja por atingir todos os setores.

A Política de Desenvolvimento Competitivo também terá forte componente de defesa contra importações desleais: será autorizado um reforço na equipe de técnicos do Departamento de Defesa Comercial, do Ministério do Desenvolvimento, para ampliar a atuação contra surtos de importação.

O governo criará uma equipe de "inteligência de defesa comercial" para realizar estudos sobre os riscos da entrada de mercadorias importadas no país, com a tarefa de propor medidas como valoração aduaneira (preços mínimos de importação) e medidas técnicas voltadas a igualar as condições de competição entre produtos fabricados no país e importados.

Como estão suspensas as contratações no serviço público e a convocação de aprovados em concurso, os ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda analisam como fazer para reforçar a equipe de analistas do governo na área de defesa comercial, o que poderá exigir a contratação de consultorias ou assessorias por tempo definido.

No campo do crédito, o plano do governo é popularizar o uso do PSI, o Programa BNDES de Sustentação do Investimento, criado para financiar inovação tecnológica e para produção, aquisição e exportação de bens de capital e inovação tecnológica. O programa, que foi prorrogado até o fim deste ano, concede financiamento a taxas de 4% a 5% para inovação e de até 10% para compra de partes, componentes e serviços a serem usados em máquinas e equipamentos destinados à produção.

Nos próximos dias, deve começar o anúncio das ações ligadas ao PDC, que será complementado por medidas específicas de desenvolvimento tecnológico, a serem divulgadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Valor 07.6.2011

América Latina na "lanterna" em patentes

Os Países latino-americanos têm participação "muito baixa" nos pedidos de patentes relacionadas à inovação na cadeia produtiva dos biocombustíveis, segundo estudo recente da Cepal, o braço na ONU para estudos econômicos da América Latina e do Caribe. Apesar de destacar-se na produção de etanol e de biodiesel, a região vê uma "ampliação da brecha tecnológica" com os países ricos que é "especialmente preocupante", afirma a Cepal. Japão, Estados Unidos e China lideraram o registro de inovações científicas feitas no segmento, nos últimos cinco anos.

Mesmo com o pioneirismo do Proálcool, na década de 1970, todas as patentes registradas pelo Brasil na área de etanol, entre 2006 e 2010, ficam abaixo (10) dos registros realizados apenas pela Universidade da Flórida (16) ou pela empresa chinesa de alimentos Cofco (14). A China lidera o número de registros no período (230).

No que se refere ao biodiesel, o Brasil aparece em sexto lugar na lista de países com descobertas científicas - atrás de China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coreia. Nenhum outro latino-americano está na lista dos 20 países com mais patentes.

A alta participação dos chineses pode ser explicada pelo "decidido apoio estatal ao desenvolvimento de energias renováveis, com o objetivo de gerar um mercado tecnológico de exportação e de diminuir a dependência energética", avalia a Cepal.

Os autores do estudo frisam que a diferença que existe no volume de patentes solicitadas e registradas entre América Latina e países industrializados, na área de etanol e biodiesel, não destoa da brecha existente nos demais segmentos. No entanto, os pesquisadores Sofía Boza e Alberto Saucedo dizem que "essa tendência nos permite ter uma ideia da dificuldade da região para situar-se na vanguarda tecnológica do setor de biocombustíveis". Depois da soja e da cana-de-açúcar, os maiores alvos de investigação científica são a canola, a mamona e a mandioca. (DR)

Valor 07.06.2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Brasileiros modelam ordem que impera no caos

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Sincronização do caos

Na natureza, enxames de vagalumes enviam sinais luminosos uns para os outros.
Isso é feito inicialmente de forma autônoma, individual e independente.

Mas, sob determinadas circunstâncias, pode dar origem a um fenômeno robusto de natureza coletiva chamado sincronização.

Como resultado, milhares de vagalumes piscam em uníssono, de forma ritmada, emitindo sinais luminosos em sincronia com os demais.

Sistemas caóticos

Há pouco mais de 20 anos descobriu-se que a sincronização também ocorre em sistemas caóticos - sistemas complexos de comportamento imprevisível nas mais variadas áreas, como economia, clima ou agricultura.

Outra descoberta mais recente foi que a sincronização resiste a atrasos na propagação de sinais emitidos.

Nessas situações, sob determinadas circunstâncias, a sincronização pode emergir em sua forma isócrona, isto é, com atraso zero.

Isso significa que equipamentos como osciladores estão perfeitamente sincronizados no tempo, mesmo recebendo sinais atrasados dos demais.

Intermitência espaço-temporal ajuda a entender o Sol e as bolsas de valores

Entretanto, os modelos teóricos desenvolvidos para explicar o fenômeno não levaram esse fato em consideração até o momento.

Estabilidade da sincronização

Agora, uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) resultou em um modelo teórico para demonstrar como a sincronização ocorre quando há atraso na emissão e no recebimento de informação entre osciladores caóticos.

Durante o estudo, os pesquisadores buscaram explicar a sincronização quando há atraso no recebimento da informação entre os osciladores caóticos. O objetivo é determinar as condições sob as quais o fenômeno ocorre em sistemas reais.

"Utilizando a teoria da estabilidade de Lyapunov-Krasovskii, que trata do problema da estabilidade em sistemas dinâmicos, estabelecemos critérios de estabilidade que, a partir de parâmetros como o tempo de atraso no recebimento das informações entre os osciladores, permitem determinar se os osciladores entrarão em estado de sincronização isócrona", disse um dos autores do artigo, José Mario Vicensi Grzybowski.

"Foi a primeira demonstração de forma totalmente analítica da estabilidade da sincronização isócrona. Não há similares na literatura", afirmou o cientista.

Voo em formação no espaço

As descobertas do estudo poderão possibilitar o aprimoramento de sistemas tecnológicos baseados em sincronização, especialmente em sistemas de telecomunicação baseados em caos ou na chamada criptografia caótica.

Além disso, entre as possíveis aplicações estão os satélites em formação de voo, em que um precisa manter uma distância relativa adequada em relação aos outros e, ao mesmo tempo, estabelecer um referencial (sincronização) que permita o intercâmbio de informações, coleta e combinação eletrônica de imagens oriundas dos diversos satélites da formação.

"Nesse caso, o referencial pode ser estabelecido por meio de um fenômeno que emerge naturalmente desde que as condições apropriadas sejam proporcionadas, diminuindo ou até dispensando o uso de algoritmos", disse.

Veículos aéreos não tripulados, que podem explorar uma determinada região em conjunto, além de robôs e sistemas de controle distribuídos, que também precisam trabalhar de forma coordenada em uma rede, podem utilizar os resultados da pesquisa.

Frota de robôs espaciais para exploração planetária

Cooperação sem líder

Os autores do estudo também pretendem fazer com que o fenômeno da sincronização ocorra em sistemas tecnológicos sem a necessidade de existir um líder que oriente a forma como os outros agentes osciladores devem se comportar.

"Pretendemos eliminar a figura do líder e fazer com que a sincronização ocorra em função da interação entre os agentes, como ocorre com uma espécie de vagalumes na Ásia, que entra em sincronização sem que um deles lidere", disse Elbert Einstein Macau, pesquisador do Inpe e outro autor do estudo, do qual participou também Takashi Yoneyama, do ITA.

Segundo eles, nessa pesquisa foi analisada a sincronização com um atraso de tempo na transmissão da informação entre dois osciladores. Mas no trabalho que desenvolvem atualmente os resultados serão expandidos para uma rede de osciladores de modo a ampliar a escala do problema, e de sua solução.

Dessa forma, segundo eles, será possível modelar fenômenos baseados na sincronização isócrona em escala de rede e contemplar fenômenos naturais que apresentam nível de complexidade muitas vezes superior.

"Em princípio, qualquer fenômeno real que se baseia na sincronização isócrona poderá ser tratado a partir desses elementos teóricos, que podem servir para projetos de redes tecnológicas, ou para analisar e compreender comportamentos emergentes em redes naturais, mesmo naquelas em que não temos formas de influir diretamente", disse Grzybowski.

Com informações da Agência Fapesp - 01/06/2011
Site Inovação Tecnológica - 03 JUN 2011
Bibliografia:

Isochronal synchronization of time delay and delay-coupled chaotic systems
J M V Grzybowski, E E N Macau, T Yoneyama
Journal of Physics A: Mathematical and Theoretical
Vol.: 44 175103
DOI: 10.1088/1751-8113/44/17/175103