terça-feira, 17 de maio de 2011

Tecnologia industrial Brasileira: uma “morte” anunciada

Encontro nacional discutirá o tema e fará carta à Presidente Dilma Rousseff
Já não é novidade que a indústria brasileira vem perdendo espaço a cada dia. Falta à produção nacional poder de fogo para competir no mercado internacional, especialmente com a China. O grave é que, para sobreviver, as indústrias estão sendo obrigadas a importar componentes chineses e, aos poucos, se transformam em meras montadoras, enquanto o Brasil vai ficando cada vez mais um exportador de commodities. Diante dessa realidade, a décima edição do Encontro Nacional de Inovação Tecnológica (Enitec) não só discutirá o tema como produzirá uma carta a ser entregue à presidência da República e ministérios competentes, expondo a gravidade do problema e apontando possíveis caminhos.

O objetivo do evento, que reunirá representantes dos setores público e privado, é avaliar as políticas em vigor e propor mecanismos eficazes para fomentar a inovação tecnológica na indústria nacional. O tema central, “Déficit tecnológico e risco de desindustrialização”, será enriquecido com painéis de avaliação de resultados dos programas de incentivo ao desenvolvimento tecnológico baseados em apoios não reembolsáveis e em financiamentos com juros subsidiados. Para debater essas questões, foram convidados para o Enitec, entre outras autoridades, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Antonio Luiz Elias Rodrigues; o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, e o presidente da FINEP, Glauco Arbix, e o presidente da Agência Brasileira para o Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges. “A discussão é oportuna, agora que janelas de oportunidades se abrem a partir do crescimento do Brasil. Infelizmente elas têm sido aproveitadas principalmente por fabricantes estrangeiros que exportam para o País”, afirma Roberto Nicolsky, diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), que promove o evento.

De acordo com o diretor da Protec, a indústria brasileira está caminhando para se tornar uma mera montadora de itens importados, o que já está ocorrendo em segmentos de bens de consumo eletroeletrônicos, como aparelhos celulares, TVs etc. “Um exemplo disso é a situação da Zona Franca de Manaus, que só trabalha com montagem”, destaca, acrescentando que em 2010, nos três setores intensivos em tecnologia que mais contribuem para o PIB e o comércio exterior - indústria química e farmacêutica, de eletroeletrônicos e de máquinas e equipamentos – o Brasil amargou um déficit de US$ 60,6 bilhões. Segundo ele, para 2011 a expectativa é ainda pior. “A Protec trabalha com a possibilidade de o déficit atingir de US$ 75 a 80 bilhões”.

Compras públicas

Outro assunto a ser debatido no Enitec será a questão das compras públicas. Segundo Nicolsky, a Lei nº 12.349/2010, que altera a Lei 8.666/1993 e dá preferência, nas licitações públicas, a produtos e serviços produzidos no País com tecnologia própria, pode ser um meio de estimular a inovação. “Se for bem aplicada essa lei pode ser um divisor de águas”, afirma, lembrando que a prioridade terá que ser justificada em estudos que levem em consideração a geração de emprego e renda, a arrecadação de tributos, o desenvolvimento e a inovação tecnológica realizados no Brasil, o custo adicional dos produtos e serviços, e a análise retrospectiva dos resultados.

Evento: X Enitec - “Déficit tecnológico e risco de desindustrialização”
Datas: 25 e 26 de maio
Horários: 25/05 – 9h às 18h / 26/05 – 9h às 13h30
Local: São Paulo

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