quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Não reinvente a roda: copie e adapte

O consultor Chuck Lucier comprovou que apenas quatro ideias copiadas e transpostas de um segmento para o outro foram responsáveis por ao menos 80% dos “negócios inovadores” criados nos EUA entre 1965 e 1995


De forma geral, as maiores oportunidades para uma empresa se diferenciar e crescer estão em fazer o que a organização já faz, mas de um jeito um pouco diferente. Como? Por exemplo, copiando e adaptando o que dá certo em empresas de outros ramos.

Num estudo publicado anos atrás, o consultor Chuck Lucier comprovou que apenas quatro ideias copiadas e transpostas de um segmento para o outro foram responsáveis por ao menos 80% dos “negócios inovadores” criados nos EUA entre 1965 e 1995. Cada uma dessas ideias fez sucesso, primeiro, num determinado ramo. Digamos na venda de alimentos. E, aos poucos, foi sendo reaplicada em outros segmentos, como venda de artigos de escritório, de eletro-eletrônicos, de material de construção e assim por diante. Se você analisar a fundo, vai se dar conta de que muitos negócios altamente inovadores, na realidade, são “reinterpretações” de modelos que deram certo em outros mercados.

Para comprovar que pratico o que prego, a Franchise Store, a bem sucedida loja física que comercializa franquias de mais de 60 marcas que meus sócios - Fernando Campora e Filomena Garcia - e eu implantamos em São Paulo há cerca de um ano, foi inspirada nas agências imobiliárias e nos private banks que existem aos montes. E, de certa forma, também nas feiras de franquias. Inovador não foi oferecer várias opções de negócio num único ambiente. Inovador foi usar esse modelo para comercializar franquias, em lugar de imóveis ou fundos de investimento. E num ambiente que, ao contrário das feiras, funciona o ano inteiro.

Na maioria dos casos, adaptar conceitos, modelos e formas de atuar cujo sucesso já foi comprovado em outros tipos de empresa é mais barato, mais fácil de implementar e menos arriscado do que criar formas de atuação ou conceitos de negócio inteiramente novos. Até mesmo porque, cá para nós, não existem diferenças substanciais entre um supermercado, uma loja de roupas, uma usina de concreto, uma escola e um hospital.

O segredo do sucesso está em saber o que imitar, o que adaptar e o que alterar radicalmente. Além, é claro, de ter a equipe certa, capacitada e gerida da forma correta para executar - com disciplina e disposição para fazer acontecer - os processos necessários e transformar os “inputs” necessários (sejam tecidos, cimento, remédios, pessoas, ideias, papel, energia, conhecimento, etc.) em “outputs” (roupas, sapatos, pizzas, livros, softwares, projetos, edifícios ou o que sejam) que tenham valor aos olhos de uma quantidade razoável de consumidores, de tal forma que estes se disponham não só a adquirir esses “outputs”, como também a pagar por eles mais do que custa, à organização, para produzi-los, comercializá-los e entregá-los.

Ou seja: é na gestão que está o segredo do sucesso. O resto é o resto.

* Marcelo Cherto é CEO da GrowBiz, diretor da Franchise Store, sócio da MD Comunicação e membro do Global Advisory Board da Endeavor e da Academia Brasileira de Marketing.

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