terça-feira, 18 de maio de 2010

Especialista diz que inovação abre portas no mercado externo

Presidente da Ompi afirma que uma inovação não serve apenas para bloquear os concorrentes no mercado interno, mas também para abrir inúmeras possibilidades de negócio

A inovação tem que fazer parte do DNA de uma empresa. Este foi o ponto comum dos especialistas que participaram do painel que abriu o segundo dia de trabalho do 6º Encontro Anual da Rede Internacional para as Pequenas e Médias Empresas (Insme). O evento, realizado no Rio de Janeiro, reúne 185 delegados de 25 países, de organizações públicas e privadas.

Para o conselheiro da divisão de micro e pequena empresa da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), Marco Marzano de Marinis, uma inovação não serve apenas para bloquear seus concorrentes no mercado mas também para abrir inúmeras possibilidades de negócio. Como exemplo, citou Eric Favre, da empresa suíça Monodor, que inventou o processo Nespresso, tipo de café expresso em que o pó é armazenado em cápsulas que conservam o aroma e o sabor, um dos produtos mais bem sucedidos do mundo.

"Eles tem apenas 50 empregados na Suíça e são considerados uma pequena empresa, mas explora acordo de patente e está presente em vários países. E a mesma idéia está sendo utilizada para o chá", destacou Marinis. O conselheiro defende que é preciso modificar a abordagem sobre a propriedade intelectual. No portal da Ompi, pode ser encontrada uma ferramenta de ensino a distância com módulos que falam sobre a criação e negociação de uma marca. Por enquanto, a ferramenta está disponível apenas em inglês e árabe, mas em breve será traduzido para todas as línguas das Nações Unidas (ONU).

Representantes da África do Sul, Holanda e Estados Unidos apresentaram diversas soluções para promover parcerias mais estreitas com universidades, prolongar o tempo de incubação e acompanhar empresas para manter os laços ou facilitar o acesso a recursos com o mínimo de burocracia. Outro ponto comum entre diferentes culturas são mitos que tratam a inovação: uma boa idéia sempre vai receber investimento ou um produto inovador terá aceitação imediata no mercado foram alguns exemplos.

O diretor da Academia Nacional de Ciências (NAS) de Washington (EUA), Charles Wessner, defende que o modelo linear que coloca a inovação em categorias estanques, como pesquisa básica, aplicada, desenvolvimento e comercialização, deve ser repensado. Como exemplo, ele citou as dificuldades que os criadores do Google, hoje citada como exemplo de negócio visionário, enfrentaram para conseguir financiamento.

Programas do governo que incentivam a inovação e a importância do papel do Sebrae na disseminação do conhecimento foram ressaltadas pelo presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

"Temos características diversificadas e inovações que seguem o mesmo padrão, como o que aconteceu em Recife, onde uma área portuária decadente foi transformada em polo da ciência da computação, procurado por estudantes de todo o mundo. Lugares como este, espalhados por todo o Brasil, são focos de oportunidade. Neste contexto, quero valorizar o papel do Sebrae que trabalha tanto para aumentar o número de empresas apoiadas pelas incubadoras como para acelerar o crescimento delas. A proposta de todos nós é criar uma nova geração de líderes de negócios que tem a inovação como processo natural".

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