quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Há capital disponível para inovadoras

Empresas gestoras de fundos de venture capital estão procurando pequenas e médias empresas inovadoras para investir. Pelo menos, entre os três vencedores da terceira edição do Prêmio Inovar - Stratus, FIR Capital e BRZ Investimentos - há planos de investimento de mais de R$ 500 milhões, nos próximos três anos.
O prêmio, anunciada em novembro, é uma ação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com participação do BNDES PAR, o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para reconhecer gestoras de fundos de venture capital. A disputa foi dividida em três categorias - governança, equipe e operação - e recebeu dez inscrições. O Fundotec II, gerido pela FIR Capital ganhou em Equipe, o fundo Logística Brasil FIP, da BRZ Investimentos, saiu vitorioso em governança e o FMIEE GC, do Stratus, teve destaque em operação.

Para o diretor de inovação da Finep, João De Negri, o prêmio ajuda a consolidar a indústria de capital inteligente no Brasil e mobiliza investidores, gestores e empreendedores em torno da inovação.

O II Censo da Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital, realizado pelo Centro de Estudos em Private Equity da Fundação Getúlio Vargas (GVCepe) indica que há 258 fundos em operação no Brasil, dirigidos por 144 gestores. No início do ano passado, tinham cerca de R$ 7 bilhões para aplicar no segmento de empresas nascentes, além de pequenos e médios negócios de alto crescimento.

O Stratus tem projetos de investimento de cerca de R$ 500 milhões para os próximos três anos e deve investir até R$ 150 milhões somente em 2012. De acordo com o sócio-diretor Álvaro Gonçalves, com uma carteira de US$ 300 milhões de investimentos sob gestão, o fundo iniciou operações em 2002, voltado para empresas de médio porte. Encerrou o período de investimentos em 2006 e desde 2007 "desinvestiu" praticamente toda a carteira. "Houve um retorno aos investidores equivalente a quase três vezes o capital original."

Os principais investidores do fundo foram o Fundo Multilateral de Investimentos (MIF), braço de investimentos de longo prazo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Finep, o Fundo de Pensão dos Funcionários do BNDES (Fapes), Bovespa, Banco Privado Português e o Grupo Pebb.

O Stratus já investiu em nove empresas, nos setores de software, mídia, telecom e manufatura. Para o executivo, o grupo prefere fazer aportes em companhias de perfil emergente, com o negócio já nos trilhos, e não em startups. Um modelo de organização adequado e um elevado potencial de crescimento também são observados antes da liberação das verbas.

"Observamos nas empresas mais de 40 pontos de análise que determinam o potencial de crescimento e a valorização do patrimônio por meio da abertura de capital ou da venda de participação em um período de três a cinco anos", diz. Recentemente, o Stratus deu início a um novo período de investimentos. Em novembro, anunciou um aporte de R$ 55 milhões na Maestro, empresa de terceirização de frota de veículos de São Paulo. A companhia tem 2,4 mil veículos mas, com o montante recebido, planeja chegar a 18 mil automóveis nos próximos cinco anos.

Em setembro, o Stratus também fechou a compra de uma participação acionária na Mar & Terra, que cria peixes em cativeiros no Pantanal e na Amazônia. O aporte, estimado em R$ 25 milhões, faz parte da carteira do fundo de tecnologia limpa do fundo. Com sede em Itaporã (MS), a Mar & Terra quer quintuplicar a capacidade de produção, atualmente entre sete e oito toneladas de peixe ao dia, melhorar a distribuição e exportar.

O Stratus também fez injeções na Amyris, fornecedora de produtos químicos renováveis a partir da cana de açúcar, e na Unnafibras, que transforma garrafas PET em fibras de poliéster. Depois de investir em uma companhia, a meta é dar suporte ao crescimento, expandir a equipe gerencial e oferecer acesso a treinamento, além de implantar ações de governança corporativa, segundo Gonçalves.

"Os negócios de médio porte apresentam maior atratividade na relação risco-retorno e também uma grande densidade estatística, permitindo seleção e diversificação para as carteiras dos fundos."

O FIR Capital, gestor de fundos de venture capital para investimentos em empresas nascentes, emergentes e em expansão, investiu em sete negócios em 2011. A lista inclui a rede de clínicas oncológicas Oncoclínicas; a ABC, de material de construção, e a Devex, que desenvolve tecnologia de gestão para operações de minas.

"Nossos maiores investidores são fundos de pensão brasileiros como o Previ, do Banco do Brasil , a Petros, da Petrobras, e o Funcef, da Caixa ", diz o sócio Marcus Regueira. "Investimos em pequenas e médias empresas com faturamento anual de até R$ 150 milhões e potencial de crescimento acelerado. Estamos levantando um terceiro fundo para investimento."

A BRZ, fundada em 2005 a partir de um spin off da GP Investimentos, administra mais de R$ 3,4 bilhões, distribuídos em fundos multimercados, de crédito, renda variável e private equity. Com um patrimônio de R$ 462 milhões, o fundo Logística Brasil da gestora investe no setor de logística, principalmente em centros de distribuição, terminais portuários, armazéns e gasodutos. O período de aportes foi encerrado em julho de 2010 e o fundo encontra-se totalmente investido.

Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo

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