quinta-feira, 28 de abril de 2011

Davos faz 40 anos e debate inovação no Rio

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Marisol Barillas, diretora-sênior e chefe para América Latina do WEF: recuperação da crise explica interesse pela AL

Inovação, tecnologia e sustentabilidade estão no centro dos debates da sexta edição latino-americana do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) que será realizada hoje e amanhã no hotel Intercontinental, no Rio. Essa é a terceira edição do evento realizada no Brasil. Mais conhecido como Fórum de Davos, nome da cidade suíça onde foi criado, o WEF comemora 40 anos este ano.

A organização do evento registrou recorde de participação, a ponto de ser obrigada a encerrar as inscrições um mês antes do previsto, informou Marisol Argueta de Barillas, diretora-sênior e chefe para América Latina do WEF. São mais de 700 inscritos entre líderes de empresas, governos, acadêmicos e outros setores da sociedade civil, representando 46 nacionalidades. Na edição anterior foram 540 inscritos.

Tanto interesse se justifica pela forma como a região se recuperou da crise financeira internacional, pelos indicadores e perspectivas da região, disse Marisol. Nos próximos cinco anos, se espera que a economia da América Latina cresça 4,7% em comparação com 2,1% da Europa e 2,7% dos EUA.

Hoje, cinco países da região ostentam a mais alta classificação entre as agências de avaliação de risco de crédito. Ao México e ao Chile, que durante anos foram os únicos países com grau de investimento, hoje se somam Brasil, Peru e Panamá. "Esses indicadores mostram o potencial de crescimento da América Latina", afirmou Marisol.

O tema de fundo dos 25 painéis que compõem o fórum é "Criando a Plataforma para uma Década Latino-Americana". O programa está distribuído em três grandes áreas. A primeira é relacionada com governabilidade nacional e o papel da América Latina na governança global. A segunda é a inovação e produtividade, buscando trazer as discussões das experiências e melhores práticas das grandes empresas e outras sociedades que praticam tecnologia e inovação. A terceira está relacionada com a promoção de alianças para a sustentabilidade.

"Para as empresas latinas, o tema que mais interessa é a inovação", disse Ingo Plöger, presidente do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal) e um dos participantes. Segundo ele, inovação é o que vai dar o destaque de competitividade, especialmente no Brasil.

"Há uma migração da pesquisa e desenvolvimento dos países do Primeiro Mundo para o Brasil em setores como pré-sal, mineração, aeronáutico, automotivo e agronegócios", disse Plöger, lembrando que esses são ramos de atividade que se destacam pela capacidade de crescimento e absorção de soluções inovadoras.

"O foco do evento é definir o que queremos ser daqui a dez anos, e o que precisa ser feito para atingirmos metas de melhoria em áreas críticas, como educação e inovação", afirmou Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer e co-presidente da seção latino-americana do WEF.

Plöger destaca ainda os temas de cunho social que estão na programação do fórum, principalmente a participação da mulher e o impacto cultural da ascensão social de amplas camadas da população. A organização do WEF reservou espaço também para a discussão do desenvolvimento urbano e dos riscos de catástrofes naturais.

Marisol acredita que outro motivo que levou a um recorde de participação no fórum este ano foi o interesse em conhecer a equipe do novo governo brasileiro - a presidente Dilma Rousseff confirmou participação na abertura e trará cinco ministros ao evento.

"Creio que a demonstração de estabilidade da América Latina, junto com os vastos recursos que existem no Brasil, o interesse por conhecer a nova presidenta e o novo governo, o posicionamento global do país nos últimos anos põem o Brasil em um alinhamento muito interessante para os participantes", disse a executiva.

O Brasil também está no foco pelos eventos que vai sediar, principalmente Copa do Mundo de 2014, Olimpíada de 2016 e a reunião Rio+ 20, que serão assunto de dois painéis específicos.

O WEF é realizado por uma organização constituída como fundação em 1971, sediada em Genebra, na Suíça. Os participantes são selecionados a partir de um processo amplo, que envolve consultas bilaterais com líderes de diferentes setores dos países, as empresas membros do fórum e também com os membros do Conselho Global sobre América Latina que se reune periodicamente para discutir a situação da região.
Valor 28.4.11

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